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22 escolas em risco de fechar na Guarda

Câmara vai defender continuidade de primárias com mais de 10 alunos

O fecho de escolas do primeiro ciclo do ensino básico continua imparável. No próximo ano lectivo o Ministério da Educação propõe o encerramento de mais 22 no município da Guarda, de acordo com um levantamento do Gabinete de Informação e Avaliação do Sistema Educativo (GIASE) que identifica as primárias em risco por terem menos de 20 alunos. Enquanto não são conhecidos mais pormenores, a autarquia já disse discordar deste critério, embora admita concordar com o fecho de algumas.

«No ano passado conseguimos que encerrassem apenas as primárias com menos de cinco alunos, mas desta vez teremos que ser nós a ceder um bocadinho perante as pretensões da tutela», revelou Virgílio Bento, no final da última reunião do executivo. O vice-presidente da Câmara, também responsável pelo pelouro da Educação, adiantou estarem a decorrer negociações com a Direcção Regional de Educação do Centro (DREC) para se alcançar um consenso. «Os critérios não podem ser uniformes, pois uma escola com 20 alunos numa freguesia do interior não pode ser vista da mesma forma que outra no litoral», sustentou, defendendo que «há freguesias com muita população e escolas com mais de 10 alunos que não podem encerrar». E a Câmara da Guarda parece ter um argumento de peso: «Encerrar essas escolas significa que os seus alunos terão que vir para a cidade, cujos estabelecimentos de ensino já estão sobrelotados devido ao crescimento populacional e às actividades extracurriculares», recorda o vereador, para quem a reorganização da rede escolar da Guarda terá que se basear na sua Carta Educativa.

Este documento de gestão dos recursos escolares já está em vigor e propõe a construção de cinco centros educativos no concelho, nomeadamente nas freguesias periféricas para que esses alunos não tenham que vir para a cidade. «No fundo, o que estamos a definir é uma nova rede de escolas do primeiro ciclo e também, no caso da Guarda, a necessidade urgente de novos estabelecimentos», considera. Contudo, Virgílio Bento espera que o fecho de mais escolas seja tratado com ponderação. No ano lectivo em curso já não abriram 16 escolas no concelho, todas elas com cinco ou menos alunos. Um critério imposto pela Câmara, já que na lista inicial do Ministério da Educação estavam 32 estabelecimentos com menos de 10 alunos. Em 2005 encerraram cerca de 10, mais duas que no ano anterior.

Câmara aprova Fábio Lucci na Avenida de S. Miguel

Nesta reunião, o executivo deu ainda parecer favorável à instalação do mega pronto-a-vestir Fábio Lucci na Avenida de S. Miguel, numa área com mais de mil metros quadrados. Trata-se do primeiro projecto comercial previsto para esta artéria da Guarda-Gare. Conforme adiantou “O Interior” em Dezembro passado (ver edição 364), perspectiva-se ainda a instalação de um hipermercado da cadeia E. Leclerc (nas antigas instalações da Gartêxtil), uma loja de “hard discount” Netto (ex-Intermarché) e uma grande superfície dedicada ao bricolage, decoração e jardim da Aki (no edifício da Solavra). No total, deverão ser criados mais de 250 postos de trabalho, directos e indirectos. Contudo, a Fábio Lucci é, até agora, o único empreendimento com parecer favorável da autarquia. Inversamente, a instalação do Leclerc é a mais atrasada dos quatro e mereceu parecer desfavorável da Câmara por os promotores terem apresentado dois projectos em simultâneo, um para o hipermercado e outro para centro comercial/lojas.

«Há algumas divergências em termos de área da unidade e do PDM, porque o lote é industrial, mas essas diferenças são passíveis de ser alteradas em conjunto com os nossos técnicos», refere Vítor Santos. O vereador com o pelouro das actividades económicas explica que será necessária uma alteração ao loteamento, o que é «fácil de fazer» desde que promotores e autarquia estejam em sintonia. «É princípio desta Câmara dar toda a colaboração possível, dentro do quadro legal, a novos investimentos para a Guarda», garante, considerando que a freguesia de S. Miguel está «em franco crescimento» e que estes projectos são «uma alternativa viável e sustentada» em termos de emprego para aquela zona da cidade. «Se tudo correr bem, pensamos que as obras podem perfeitamente estar no terreno no decorrer do próximo ano», acrescentou.

Luis Martins

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