O tempo é algo continuo, mas a necessidade de o ter contado, tal a sua preciosidade, faz com que esta época seja pródiga em acotovelamentos para subir a um banco e assumir o papel de miss Mundo, desejando que a paz e felicidade seja despejada transversalmente sobre o mundo.
Já vimos a cena vezes demais, mas ainda assim fingimos acreditar nesses votos, sabendo bem que os cigarros continuarão a ser fumados, os cozidos à portuguesa a ser devorados e a ira continuará a ser lançada com lança-rockets linguísticos numa qualquer caixa de comentários do Facebook ao primeiro que ouse colocar em causa a nossa incondicional escolha futebolística. É que se trata apenas de uma passagem de ano, não de uma sessão de hipnose coletiva.
Em ano de autárquicas não é necessário ligar à Maya para saber quem nos vai prometer o céu, a resolução de problemas inultrapassáveis, elefantes brancos, concertos da Maria Leal, a recuperação de Olivença e a anexação de Fuentes de Oñoro. Um chorrilho de lugares comuns em politiquês que esbarra, regra geral, com gráficos dos desmancha-prazeres do INE e da DGAL. Já não será mau se finalmente se cumprir o desiderato municipal que é encontrar o orago da cidade, há quem aposte em S. Tesla.
Em qualquer cenário, moderação na bebida e na expectativa, já que esta é um contrato com a desilusão.
Pedro Narciso
Enfermeiro