A Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial da Guarda teve «azar» com a conjuntura, confirmou Augusto Mateus na última sessão do executivo guardense, sublinhando que 2003 foi um ano «complicado» para a PLIE. O mentor da ideia e do projecto, que apresentou os objectivos do Plano de Negócios e fez o ponto da situação da iniciativa, explicou que um conjunto de situações, como a mudança da CCRC, a gestão do III QCA e a indefinição quanto às Áreas de Localização Empresarial, «não funcionaram como estava previsto» e que a sociedade teve sempre dificuldades pela frente para encontrar a «melhor solução» nos fundos estruturais. Em contrapartida, 2004 promete ser um ano de «grande oportunidade».
Um optimismo que contagiou a vereação social-democrata, pese embora os três eleitos do PSD tenham mais tarde votado contra a proposta do município perfazer o aumento de capital social com o terreno da Quinta dos Coviais, avaliado em cerca de 536 mil euros. Um final inesperado dado o teor da intervenção de Ana Manso, para quem a PLIE é um projecto «âncora» para a região e deve, na sua opinião, ultrapassar os «desafios» da saída gradual da autarquia do projecto, da capacidade da iniciativa privada atrair novos investidores e do município, «o maior sustentáculo da plataforma», criar mecanismos para evitar «facilitismos na gestão corrente». Como os socialistas se abstiveram de intervir, Augusto Mateus concordou com esta análise e considerou «crucial» a saída de cena da Câmara da Guarda, já que desse passo dependerá a «própria qualidade» do empreendimento, adiantou. De resto, o ex-ministro da Economia de Guterres também avisou que a PLIE tem que ser um projecto «da cidade, região e do país, ou então dificilmente alcançará os objectivos para que é proposto». Tanto mais que está em causa uma localização que deve ser «altamente competitiva», o que no caso da Guarda assenta «muito mais» numa lógica de preços de instalação e do conceito de serviços: «A PLIE permite aglomeração de indústrias e uma gama de complementaridades que torna a instalação de empresas altamente competitiva e estratégica», garantiu Mateus.
Até lá, há agora que «afinar» o projecto, definir um «bom modelo» de ocupação do terreno e evitar a burocracia. «A vantagem da PLIE é um licenciamento não burocrático, devendo a sociedade alargar-se a parceiros que possam facilitar esse processo», disse, sublinhando ser este um projecto de desenvolvimento «rápido e que irá rapidamente ultrapassar os objectivos traçados, que pecam um pouco por modéstia». De resto, Augusto Mateus não tem dúvidas que os passos dados até agora foram «certeiros», confiando que o próximo ano será a «grande oportunidade» da PLIE se a sociedade conseguir «actuar rapidamente». Contudo, o aparente consenso do executivo quebrou-se quando o PSD votou contra a proposta do município perfazer o aumento de capital social com o terreno da Quinta dos Coviais, avaliado em cerca de 536 mil euros. A solução passou com os votos da maioria, mas os vereadores da oposição deixaram em acta uma declaração de voto onde estranham que o relatório do Revisor Oficial de Contas que avaliou o terreno não tenha sido fundamentado. «Por outro lado, coincide com o valor necessário à Câmara da Guarda para realizar a sua quota parte do aumento do capital social», referem, adiantando que o Plano de Negócios da PLIE já diz que o terreno «vale muito mais» do que o preço apurado na avaliação. «Fala-se que vale de imediato 1,5 milhões de euros e pode chegar aos 2,5 milhões, isto numa altura em que a autarquia anuncia a redução da sua participação no capital social para, no mínimo, 25 por cento ou mesmo 18 por cento». Matéria que ficou por esclarecer nesta reunião.
Luis Martins