Foi no dia 1 de maio de 1886 que mais de meio milhão de trabalhadores saíram pacificamente às ruas de Chicago para exigirem a redução do número de horas de trabalho que chegavam a atingir as 18/dia. Cinco dias depois, os mesmos trabalhadores manifestaram-se, sendo os seus líderes presos e condenados, uns à forca, outros a prisão perpétua. É, no entanto, em 1888 que o governo norte-americano, pressionado pela comunidade internacional, reconhece a justeza da luta dos trabalhadores. O Congresso Operário Internacional, de 1889, reunido em Paris, decreta o 1º de Maio como o Dia Internacional dos Trabalhadores.
E é assim que, sumariamente, se escreve a história do 1º de Maio, muito embora no país do tio Sam, onde tudo começou, o “Labor Day” seja comemorado a 5 de setembro, coincidindo com o período das colheitas e o final do verão. 130 anos depois da luta dos trabalhadores de Chicago é de extrema importância refletir acerca dos manhosos esquemas que nos estão a impingir para se concluir que este dia mantém atual todo o processo de reivindicação pelos direitos de quem trabalha, de quem quer trabalhar e não consegue, de quem é empurrado para sair da sua terra, de quem não tem culpa de ser jovem, de quem recebe uma ninharia, faltando dinheiro e sobrando muito mês, enfim da pobreza extrema onde a metade mais pobre da população mundial possui a mesma riqueza que as 85 pessoas mais ricas do mundo.
E daqui dizemos que existem outras formas de intervenção, reconhecidamente válidas, opostas ao neoliberalismo e ao domínio do mundo pelas multinacionais, pelos governos e algumas instituições ao serviço dos interesses e do grande capital, afirmando que a nova mentalidade e prática devem ser articuladas em parceria com os Estados, resolvendo processos de exclusão e desigualdade social, condenando em absoluto todas as formas de humilhação e exploração de um ser pelo outro, percebendo, em definitivo, que o modelo capitalista faliu, pese embora se verifique o desespero de salvar o sistema, desregulando os mercados e lançando o mundo nesta crise sem precedentes onde os mais pobres, como sempre, continuam a pagar as favas, mesmo tendo em conta o comportamento de alguns governos que já perceberam que a austeridade não é solução, começando a dar sinais de algum distanciamento e insubordinação aos ditames das ordinárias de agências e organismos internacionais, os tais que teimam em nos (des)governar. Manda a inteligência que se ouse mudar o sistema.
Os nossos votos são para que este 1º de Maio seja uma festa, mas também seja uma manifestação global e solidária de todos os trabalhadores que fazem da Paz e do progresso, em todo o mundo, em cada canto, recanto ou país, causa e campo de luta, numa verdadeira resposta à selvagem globalização do lucro.
Nesta comemoração sentimos que todos os dias são do trabalho, ou melhor de trabalho, pois há e haverá sempre gente trabalhando para ganhar o pão com o suor do seu rosto.
Na história do 1º de Maio existiram e irão continuar a existir lutas, não podendo ser calma a reflexão que este dia nos impõe. A data nunca foi nem nunca será subversiva, fazendo apenas lembrar que a Humanidade só encontrará a verdadeira paz quando o direito do trabalho for uma realidade e não uma concessão do capital, que, como todos muito bem sabemos, enquanto precisar de mão-de-obra, pagará o mínimo para ganhar o máximo.
Por: Albino Bárbara