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188 grávidas da Guarda escolheram maternidade de Viseu em 2010

Enquanto os partos estão a baixar no Hospital Sousa Martins, no primeiro semestre deste ano já nasceram 103 crianças oriundas do distrito da Guarda no São Teotónio

Cento e oitenta e oito crianças oriundas do distrito da Guarda nasceram no Hospital São Teotónio, de Viseu, em 2010. Segundo dados oficiais da unidade, a tendência mantém-se no primeiro semestre deste ano, tendo já nascido 103 bebés cujas mães vêm do distrito vizinho. Além da quebra da natalidade, este é um dos fatores que tem contribuído para a redução do número de partos na maternidade da Guarda, que em 2010 foi, pela primeira vez, ultrapassada pelo serviço da Covilhã.

Contudo, O INTERIOR não pôde confirmar quantas parturientes da região da Guarda escolheram o Centro Hospitalar da Cova da Beira para terem os seus filhos. «Tendo em conta a situação atual não seria de muito bom tom divulgar esses dados. Além disso, não conseguimos fazer muito bem essa filtragem», justificou fonte autorizada do Conselho de Administração. Melhores instalações em Viseu e na Covilhã e maior número de profissionais ao serviço são alguns dos fatores que explicam estas “transferências” de grávidas. Outra prende-se com a proximidade de concelhos como Seia, Gouveia, Aguiar da Beira ou Fornos de Algodres relativamente ao São Teotónio. Para Pedro Nobre, antigo porta-voz do Movimento Pl’a Criança, que há dez anos saiu às ruas da Guarda para lutar contra o encerramento do serviço de Pediatria devido à falta de especialistas, o que se está a passar com a maternidade não é novo: «O problema está identificado há tantos anos, a questão que se deve colocar é por que é que persiste», refere.

O também deputado municipal do PSD na Assembleia Municipal da Guarda alude à carência de especialistas, mas também às instalações: «Um serviço debilitado por ter poucos médicos, cujo esforço e dedicação deve ser elogiado, e condições não muito modernas não dá muita confiança às utentes, nem é atrativo para a vinda de mais obstetras», considera. De resto, admite que as futuras mães «têm mais confiança num serviço que está a funcionar a cem por cento», acrescentando que a Covilhã tem conseguido atrair mais profissionais «talvez por causa da Faculdade de Ciências da Saúde». Coincidência ou não, na última Assembleia Municipal da Guarda, realizada em setembro, o deputado socialista Pedro Guerra, que é pediatra, apresentou uma moção onde considerava que «qualquer tentativa de encerramento da nossa maternidade» será um «ato injusto, atroz, iníquo, desadequado e ridículo».

O documento foi aprovado por maioria, depois do eleito ter defendido que o mesmo era um aviso «para que não tenhamos nunca de tomar outra decisão para exigir uma qualquer revogação, em nome do povo e nessa altura certamente com o povo nas ruas». Entretanto, confrontado com as declarações do ministro Paulo Macedo, segundo o qual as maternidades com menos de 1.500 partos por ano deveriam encerrar, Joaquim Valente rejeitou essa hipótese. «Aceito que a base do estudo para que uma maternidade tenha boas condições em termos de operacionalidade seja no mínimo 1.500 partos por ano. Mas as pessoas não são números, pelo que o Governo deve olhar para o país como um todo e não esquecer que há zonas, nomeadamente as do interior, que requerem outros cuidados», disse, declarando-se disponível para defender a continuidade da maternidade da Guarda «dada a qualidade do seu serviço, da população que abrange e do seu posicionamento estratégico em termos de acessibilidades».

Luis Martins Governo prepara fusão ou encerramento de maternidades com menos 1.500 partos por ano

Comentários dos nossos leitores
Ricardo rikardo_correia@hotmail.com
Comentário:
Sugiro um artigo ao senhor Luis Martins acerca das medidas que os autarcas do Distrito da Guarda, administração de U.L.S Guarda e mais responsaveis politicos da nossa cidade estão a desenvolver para que o fecho da maternidade e outros serviços do mesmo hospital não sejam uma realidade no futuro próximo. Muitos parabens pelo artigo.
 

188 grávidas da Guarda escolheram maternidade de Viseu em 2010

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