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150 tesouros escondidos na região

A Serra da Estrela é uma das zonas preferidas dos adeptos do “Geocaching”, uma caça ao tesouro planetária com recurso a GPS

É uma espécie de caça ao tesouro dos tempos modernos. Para gente “crescida”. Na região, o “Geocaching” já tem dezenas de aficionados e, nos distritos da Guarda e de Castelo Branco, há cerca de 150 tesouros escondidos um pouco por toda a parte.

O “Geocaching” é um jogo de entretenimento destinado a utilizadores de GPS (Global Position System). O conceito prende-se com a colocação de caixas (a que se dá o nome de “caches”) em vários locais do mundo, partilhando-se depois as suas coordenadas exactas na Internet para que os jogadores possam ter acesso a elas. A Serra da Estrela assume-se, no contexto nacional, como uma das regiões preferidas destes “caçadores” e é uma das zonas onde existe maior concentração de tesouros. Os que existem nos Cântaros Magro e Gordo são «obrigatórios, embora nada fáceis», adianta Fernando Pires, natural de Folgosinho, “cacher” desde o ano passado. Mas, desde então, já descobriu 245 “caches”. Porém, este é um número ainda distante das 1.079 que Afonso Loureiro, actualmente em Luanda, já encontrou. Quando começou a jogar, em Setembro de 2002, apenas existiam 11 “caches” em Portugal. É da “velha guarda”, portanto. Na região, destaca os tesouros do Cântaro Magro, de Vilar Maior, da nascente do Côa e da vertente Sul da Gardunha como «dos mais interessantes».

Em Caria, João Roque soube do “Geocaching” através de uma reportagem num canal de televisão há «alguns anos». Mais tarde, quando comprou um GPS, iniciou-se nestas “caçadas”. «O interior do país está muito esquecido a vários níveis e um deles é o turístico. O “Geocaching” permite aumentar e fomentar o turismo de natureza e a nossa zona é muito rica nesse aspecto», considera o jogador, também proprietário de uma “cache” colocada no alto do mítico Cabeço das Fráguas. Na região, um exemplo dessa vertente turística do jogo é um circuito de 10 “caches” escondidas em cada uma das Aldeias Históricas. Ou a que guarda o castelo do Sabugal. Por outro lado, o “Geocaching” funciona muitas vezes em conjugação com outros desportos, como o BTT, a escalada, o todo-o-terreno, a orientação, a espeleologia ou mesmo o mergulho, entre outros.

Onde estão os tesouros?

Há 64 “caches” registadas no distrito da Guarda e 83 em Castelo Branco. Podem estar escondidas nos sítios mais diversos – dos mais acessíveis aos mais bizarros. A localização é, aliás, um dos factores que pode tornar uma “cache” mais ou menos atractiva para os jogadores. Na Guarda, a maioria está concentrada na Serra da Estrela (em lugares como o Poio do Judeu, o Covão do Urso, os Cântaros Magro e Gordo, a Torre ou o Covão da Ametade, entre outros lugares) e no Sabugal. Mas há mais: os Casais de Folgosinho, a estação da CP de Vilar Formoso, Aldeia Viçosa, a Sé da Guarda ou o Monte de S. Gabriel, no Parque Arqueológico do Vale do Côa. Em Castelo Branco, a Gardunha parece ser um local predilecto, embora também haja “caches” em Caria, no Fundão, em Alpedrinha e, imagine-se, na Universidade da Beira Interior.

O jogo

«Retire qualquer coisa e deixe, em troca, outra coisa» para quem vem a seguir é a regra fundamental do “Geocaching”. Os tesouros que os “cachers” (jogadores) procuram são chamados de “caches”. Por norma, são “tupperwares” (para conservar os objectos que estão no seu interior) que contêm um “logbook” (um pequeno livro onde os jogadores têm, obrigatoriamente, que escrever alguma coisa quando chegam ao local), algumas lembranças para troca e um texto explicativo do jogo para o caso de alguém encontrar por acaso o recipiente. Depois de concluída a caçada, os “cachers” têm de registar as descobertas no site internacional www.geocaching.com, onde estão referidas as coordenadas e as características de todas as “caches” do mundo. Há vários tipos de “caches”. Podem ser temáticas ou simples. Há as gigantes, as pequenas e as micro (dentro de rolos fotográficos, por exemplo). Podem estar no topo de montanhas ou em zonas urbanas. Têm, obviamente, graus de dificuldade diferentes. Podem obrigar o jogador a percorrer etapas (circuitos de “multi-caches”). Tudo depende da criatividade de quem as esconde.

A cache da Guarda

Na cidade existe apenas uma “cache”. Está escondida na Praça Velha e para a encontrar é preciso, primeiro, resolver um enigma: «Junto à Sé encontra-se uma estátua. Na última linha da mensagem inscrita no pedestal consta uma data. Atente no mês e converta-o no número equivalente (Janeiro = 1, Fevereiro = 2). Para calcular as coordenadas, use a seguinte fórmula: Mês = A / Latitude = Latitude do ponto inicial – [(A*3)+8] / Longitude = Longitude do ponto inicial + [(A*A)+(A*2)+5]. A subtracção e a adição às coordenadas iniciais fazem-se à milésima dos minutos. Isto é, considerando as três casas à direita da vírgula». Posto isto, são conseguidas as coordenadas do local mais ou menos exacto onde está escondido o tesouro.

Rosa Ramos

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