Tal como já temos partilhado neste espaço, uma das principais missões, mas também um dos mais importantes desafios, é o envolvimento das comunidades no processo de desenvolvimento territorial alavancado pela estratégia decorrente da classificação da Estrela pela UNESCO. Nesta perspetiva, muito antes da tão desejada classificação, o Estrela Geopark iniciou um ciclo de tertúlias que se viriam a designar de “Conferências da Estrela”. Estas resultaram da preocupação em debater, explorar ou refletir sobre questões ou oportunidades transversais aos 9 municípios e a todo o território do Estrela Geopark. Assim, desde 2017 temos vindo a identificar temas centrais, com os quais envolvemos dezenas de personalidades que têm contribuído para uma maior consciência do património da Estrela e do seu valor.
Com o lema “Nove Municípios, Nove Conferências”, entre janeiro e setembro de 2017, decorreu o primeiro ciclo, abordando questões desde a Geodiversidade, o Despovoamento, a Cultura ou a Biodiversidade, contando com mais de 30 oradores, de diferentes áreas e quadrantes, que trouxeram à Estrela novos olhares e um pensamento atual sobre estas questões. Este ciclo constituiu uma verdadeira contagem decrescente para a entrega do dossiê de candidatura, que viria a ser concretizada em novembro desse ano. Esta coincidência temporal permitiu também que estas conferências fossem veículos para divulgar o conceito de Geopark Mundial da UNESCO e a pertinência da sua criação no território da Serra da Estrela.
Pelo exposto, esta iniciativa viria a demonstrar ser uma oportunidade para envolver as comunidades, e aproximar cada um de nós dos problemas, desafios e oportunidades que o séc. XXI coloca a este território.
Entre 2018 e 2019 voltámos a percorrer os nove municípios, discutindo tantas outras temáticas, e contando com a participação de centenas de habitantes deste Geopark. Nas 18 conferências discutimos e Educação, a Ciência, o Turismo, a Comunicação, e os Recursos endógenos. Trabalhámos a Água, os Recursos Termais, as Tradições e, como não podia deixar de ser, a Geologia, o substrato que nos sustenta e que deu origem a este Geopark.
Em 2020, demos início ao terceiro ciclo, altura em que somos confrontados com a Pandemia da Covid-19. Tivemos de repensar, reinventar, mas não parámos! Deixámos de percorrer o território e marcámos presença digitalmente. Desta feita, contámos com a participação de diferentes oradores que nos trouxeram novas experiências, desde o Embaixador de Portugal na UNESCO, passando pela secretária de Estado do Turismo ou o investigador Filipe Duarte Santos.
Este ano, 2021, o quarto ciclo, ainda que online, continua a chegar a cada vez mais pessoas, porque cada vez mais interessa promover o conhecimento, a interpretação, a valorização e a pertença deste território. Dedicado ao tema “Património, Tradições e Modos de Vida”, este ciclo pretende recentrar a discussão no principal ativo deste território, as pessoas e a sua identidade.
De facto, esta é uma das mais relevantes iniciativas do Estrela Geopark, que as promove há quase cinco anos, totalizando 30 conferências, onde a participação de cada um de nós na sua construção foi o lema que se tornou realidade, nunca sendo demais sublinhar que, «um Geopark é feito de e para as suas comunidades, onde todos são parte ativa na sua construção».
Nos próximos meses e anos, estas conferências vão continuar a reinventar-se para constituírem uma verdadeira porta de entrada para este território de Ciência Cultura e Educação.
N.R.: Esta é uma colaboração mensal do Geopark Estrela para divulgar o seu património e atividades relevantes para a sua afirmação. Os textos e fotografias são da responsabilidade da equipa técnica do Geopark.