Sociedade

Empresários da noite obrigados a alterar conceitos para sobreviver

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Escrito por Jornal O INTERIOR

Na impossibilidade de reabrir discotecas e a maioria de espaços de diversão noturna devido à pandemia, os empresários do setor tiveram de adaptar-se e vir para a rua

Um dos sectores mais afetado pela pandemia e pelas suas sequelas económicas desde março do ano passado são os estabelecimentos de diversão noturna, nomeadamente discotecas e bares. Os empresários da região não escaparam a esta tendência e após muitos meses de encerramento tiveram de se adaptar para sobreviver e transformaram discotecas em cafés/restaurantes.
«Foi preciso alterar todo um conceito», revela Pedro Dias, proprietário da discoteca Alternativa, em Castelo Branco, do Ex-Líbris Club e do Mote, na Covilhã, e da Casablanca Danceteria, no Fundão. Atualmente, a Ex-Líbris e a Danceteria estão encerradas porque não reúnem as condições necessárias para reabrir mesmo que noutro conceito. «Na Alternativa conseguimos montar uma esplanada no exterior do estabelecimento e converter aquilo numa espécie de café. Já na Ex-Líbris é um espaço interior e completamente fechado, o que já são motivos suficientes para as pessoas não se sentirem bem e optámos por não abrir», adianta o empresário. Já na Guarda, o bar Gin Gibre também teve de modificar um pouco o conceito. «O estabelecimento normalmente era bar com danceteria e neste momento é mais café/restaurante», pois a quebra de cerca de 80 por cento não facilitou a situação, declara Paulo Lopes.
O horário de funcionamento foi uma das maiores alterações introduzidas no bar situado na Praça Velha. Deixou de funcionar das 22 horas às cinco da manhã para abrir das 16 horas à uma da manhã, o horário permitido pelo Governo. Este ajuste quase que foi «uma obrigação» para o proprietário do Gin Gibre, pois «ou adaptava o horário ou não abria mesmo». Pedro Dias também sentiu os mesmos problemas: «Quando o horário de encerramento era até às 21h30 foi muito complicado. Haviam dias que não faturávamos nada, então quando passou para a uma da manhã melhorou bastante. E temos feito alguns espetáculos com DJ, passado música enquanto as pessoas comem ou bebem qualquer coisa». O empresário considera que estas alternativas, apesar de não substituírem uma noite de discoteca, «são importantes porque são aquilo do que as pessoas têm sentido falta».
A redução de trabalhadores é outra realidade que o Gin Gibre viveu e reflexo disso é a ausência da habitual esplanada na Praça Velha. «No ano passado ainda tivemos, mas este ano por falta de pessoal para trabalhar e como temos outro estabelecimento, que é o Café Concerto no TMG, não o fizemos», declara Paulo Lopes. Por sua vez, Pedro Dias recorda que «estivemos sete ou oito meses a zero, portanto foi muito difícil pensar no que poderia acontecer no futuro, pensar em fazer alguma coisa», acrescentando, no entanto, que o otimismo permaneceu e o sentimento de resiliência «falou mais alto». O empresário não esquece também as dificuldades por que passaram outros profissionais deste setor. «Eu próprio faço serviços de segurança, um setor que também sofreu uma quebra muito grande» e por isso «tentamos contratar DJ’s que estejam parados há muito tempo para atenuar essa quebra no seu orçamento», revela.
O Governo tentou ajudar os proprietários de diversão noturna, mas o responsável pelas discotecas no distrito de Castelo Branco considera que as exigências para aceder a esses apoios dificultaram as coisas, pois «era preciso que não existissem dívidas às Finanças ou à Segurança Social, mas para quem está tanto tempo fechado é difícil que isso não aconteça».
Apesar de as coisas se estarem a endireitar, Pedro Dias admite que ainda não é o suficiente. A Ex-Líbris e a Casablanca Danceteria irão manter-se fechadas até ordem em contrário das autoridades de saúde. Mas o empresário garante que até ao fim do ano a manutenção desses dois estabelecimentos está assegurada, depois disso a situação torna-se mais incerta.

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