A Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono define-se por episódios recorrentes de limitação total (apneia) ou parcial (hipopneia) do fluxo aéreo das vias aéreas superiores durante o sono.
A prevalência desta doença não está bem caracterizada, mas sabe-se ter vindo a aumentar nos últimos anos, situação atribuível em grande parte a uma maior prevalência de obesidade na população. Estima-se que atinja em Portugal cerca de 0,89% dos adultos com idade superior a 25 anos, valores inferiores a outros países, o que pode indicar um importante subdiagnóstico desta patologia. É mais frequente nos homens, sendo que essa diferença deixa de existir quando as mulheres estão no período pós-menopausa.
Os principais fatores de risco para esta síndrome são a idade avançada, sexo masculino, história familiar, obesidade e ainda outros fatores como tabagismo, álcool, alterações craniofaciais, entre outros.
Os principais sintomas consistem em:
- Sonolência diurna excessiva
- Roncopatia (ressonar intenso)
- Pausas respiratórias testemunhadas pelo companheiro/a
- Sensação de sono não reparador
Para além destes sintomas podem existir também despertares noturnos com sensação de asfixia, boca seca, fadiga, agitação noturna, cefaleias matinais, irritabilidade, dificuldade na concentração, alterações da memória, ansiedade e depressão, entre outros. A sonolência diurna é muitas vezes relatada como um adormecer frequente a ler, ver televisão ou durante a condução. Esta consequência traz pior qualidade de vida e está demonstrada uma probabilidade três a sete vezes superior de acidentes de viação devido a episódios de adormecimentos ao volante quando comparado com a população geral. A síndrome tem ainda consequências e comorbilidades cardiovasculares frequentes, como a hipertensão arterial, arritmias cardíacas, doença coronária e insuficiência cardíaca.
O diagnóstico desta doença pode ser feito por uma história clínica e exame objetivo detalhados em conjunto com um exame do sono: Polissonografia.
O tratamento da síndrome consiste em alterações do estilo de vida com a prática de uma dieta saudável e atividade física, medidas de higiene do sono, evicção de álcool e cessação tabágica. A perda de peso revela um importante impacto no controlo da doença. No entanto, a pressão aérea positiva contínua através de CPAP (Continuous positive airway pressure) é o principal tratamento. Este consiste numa pequena máquina ligada a um interface de máscara utilizada durante o período noturno. Outros tratamentos disponíveis variam de forma individual, podendo passar desde dispositivos orais a tratamentos cirúrgicos em casos selecionados.
Médica interna de Medicina Geral e Familiar na USF “A Ribeirinha”, tendo como orientadora a Dra. Marina Ribeiro
N.R.: A rubrica mensal “ABC Médico” é da responsabilidade do grupo de Internato Médico da USF “A Ribeirinha” e pretende aumentar a literacia em saúde na área do distrito da Guarda.