Luís Baptista-Martins é o novo diretor da Rádio Altitude, a emissora mais antiga de Portugal que emite ininterruptamente há 72 anos. O jornalista e também diretor de O INTERIOR assume funções esta quarta-feira e regressa à rádio de que foi colaborador há cerca de 20 anos com a missão de «renovar» a rádio da Guarda.
«Espero estar à altura da missão que me foi confiada e para a qual muito me agradaria poder contar com a colaboração de todos», afirma Luís Baptista-Martins, para quem a emissora é «um património imaterial de grande relevância em toda a região da Guarda e da Beira Interior». O novo diretor acrescenta que, «a meio de uma pandemia que mudou as nossas vidas e num momento de enormes dificuldades para todos, a Rádio Altitude está vulnerável e contribuir para a sua sustentabilidade é o meu propósito». E desafia os guardenses a ajudar «a salvar» a estação. «Com a colaboração de todos, e em especial dos seus profissionais, vamos renovar e recuperar a Rádio Altitude e voltar a afirmar a mais antiga emissora portuguesa. Vamos renovar o entusiasmo, com brio e paixão, a paixão pela rádio. A Rádio Altitude vai voltar a ser a companhia preferida das pessoas da Guarda e da região», acredita Luís Baptista-Martins.
Esta nova etapa da vida da estação radiofónica implica ainda a junção das redações de O INTERIOR e do Altitude – como é popularmente conhecida a rádio da cidade mais alta – de forma a gerar sinergias e complementaridade informativa entre os dois meios de comunicação regional. Foi a 29 de julho de 1948 que se iniciaram as emissões regulares da Rádio Altitude, o que faz da emissora guardense uma das pioneiras na Europa. Contudo, o projeto começou a ver a luz do dia dois anos antes, quando José Maria Pedrosa, doente internado no Sanatório Sousa Martins (que funcionou na Guarda entre 1907 e 1975), instalou o primeiro emissor interno. A 21 de outubro de 1947, o então diretor do Sanatório, o médico Ladislau Patrício, aprovou o regulamento da Rádio Altitude, que mencionava no Artº 1º: «A estação emissora da Caixa Recreativa denomina-se Rádio Altitude e destina-se a proporcionar aos doentes do Sanatório certas distracções compatíveis com a disciplina do tratamento».
Fundada e dinamizada por doentes internados no Sanatório, a rádio evoluiu ao longo dos anos do interior do complexo hospitalar para o espaço urbano e concelhio e, gradualmente, para os distritos da Guarda e Castelo Branco e partes dos de Viseu e Bragança. Em 1953 passou a funcionar num edifício dentro do perímetro da Mata (hoje Parque da Saúde), um imóvel que atualmente se encontra cedido, por acordo celebrado com a entidade pública competente e em termos legais vigentes, à empresa proprietária da estação, a Radialtitude – Sociedade de Comunicação da Guarda, Ldª, que ficou também responsável pela sua manutenção e conservação.
Com programação estruturada e serviços informativos regulares a partir do início da década de 60, a Rádio Altitude foi pioneira no jornalismo regional e tornou-se numa referência regional e nacional. A ligação funcional ao Sanatório Sousa Martins terminou quando a unidade de saúde encerrou e foi transferida para o domínio do Estado, como hospital distrital, em 1975. A partir desse ano, o Altitude, que foi inicialmente propriedade da Caixa Recreativa do Sanatório e, depois do Centro Educacional e Recuperador dos doentes da instituição, passou a ser gerida por sucessivas comissões administrativas, no contexto da autonomia funcional, financeira e administrativa que resultara da extinção do Sanatório.
Em 1989, no âmbito do concurso para a atribuição de frequências radiofónicas locais, passou a transmitir também em FM (já emitia em Onda Média desde a fundação). E em 2001, após um concurso público nacional para a transmissão do alvará de radiodifusão e da universalidade da Rádio Altitude, a titularidade da estação foi atribuída à empresa Radialtitude, a atual proprietária.