Célia Morais já não é vice-presidente da Câmara de Manteigas e passou a vereadora sem pelouros no executivo minoritário liderado pelo socialista Esmeraldo Carvalhinho. O desfecho foi consumado na segunda-feira, mas era previsível face à polémica que se gerou na sequência da retirada da confiança política por parte da concelhia local do PS. Nesse dia ficou a saber-se que a socialista será a candidata do Nós, Cidadãos! à presidência da autarquia serrana.
Tudo começou na noite do passado dia 9, quando a secção socialista local aprovou, por unanimidade, a retirada da confiança política à então vice-presidente da autarquia. Em declarações a O INTERIOR, o líder da concelhia, Miguel Carvalho, também chefe de gabinete do presidente da Câmara, justificou haver «vários motivos» para a decisão, nomeadamente «o facto da vice-presidente ter mentido na última Assembleia Municipal, isso foi o culminar». Mais pormenores foram adiantados num comunicado divulgado no dia seguinte, onde se acusa Célia Morais de ter «metido despudoradamente» quando afirmou que fornecimentos de mobiliário urbano e outros, colocado em parques de lazer e noutros locais, tinham sido executados e instalados pelos trabalhadores da Câmara.
«Na verdade, como toda a população sabe, tal mobiliário foi executado e colocado por uma empresa privada por ordem da ainda vice-presidente da Câmara, sem cumprimento dos preceitos legais de prévia contratação pública», lê-se no documento. Outros motivos invocados foram «as sistemáticas faltas de lealdade política para com o presidente da Câmara, com o PS de Manteigas e o seu projeto de desenvolvimento económico e social, com manifestas atitudes isoladas de protagonismo perante o programa eleitoral e os planos de atividade e orçamentos aprovados pela Assembleia Municipal». Os socialistas criticam também a «clara falta de planeamento e coordenação e gestão dos setores adstritos» e falam em clima de «permanente conflito» que Célia Morais terá mantido com os serviços camarários, instituições e associações do concelho.
Acusações entretanto refutadas pela visada, segundo a qual o objetivo desta decisão é «calar-me», pois não compactua «com determinadas situações que não querem que venham a público», disse a O INTERIOR. Posteriormente, em comunicado, a então vice-presidente contra-atacou acusando o presidente de «ditador» e «machista», além de «assédio moral» e «humilhação». Revela também que, ainda em funções, lhe foi vedado o acesso aos dossiers camarários e à informação interna do município.
Célia Morais invoca depois várias situações que considera ilegais e lesivas do interesse da autarquia e que envolvem o chefe de gabinete de Esmeraldo Carvalhinho e líder da concelhia socialista, mas também uma empresa privada que não pagará a água. Quanta à dita Assembleia Municipal, refere ter sido «vilipendiada» por eleitos do movimento independente perante «o beneplácito» do presidente e da bancada do PS. É neste cenário de guerra que aparece a candidatura da ex-militante socialista, que já se desfiliou do partido, pelo Nós, Cidadãos!. Célia Morais vai concorrer como independente.