Fará um ano, na próxima terça-feira, que foi detetado o primeiro caso de Covid-19 na Unidade Local de Saúde (ULS) Guarda. Tratou-se de um homem residente em Viseu que tinha regressado do estrangeiro, sete dias depois foi decretado o estado de emergência em todo o país. Desde então, a pandemia tem evoluído, com altos e baixos, mas sempre de forma assustadora e paralisadora. Pessoas confinadas, negócios encerrados, circulação limitada e uso obrigatório de máscara passou a fazer parte do dia-a-dia dos portugueses.
Por cá, a doença infetou 11.711 pessoas desde março e causou a morte de 326 doentes, de acordo com o mais recente relatório de situação da ULS divulgado na passada sexta-feira, que confirma a tendência de abrandamento das últimas duas semanas verificada tanto nas novas infeções como nos internamentos. Em janeiro e fevereiro o colapso dos serviços de saúde esteve iminente por várias vezes, mas aguentou com o reforço de camas e de profissionais de saúde. «O pior momento da pandemia foi, sem dúvida, o mês de janeiro de 2021. A terceira vaga no nosso país foi a que representou maior afluxo de doentes, o que fez com que se vivessem dias difíceis no serviço de Urgência enquanto se procedia à expansão da capacidade de internamento para doentes Covid-19 na ULS da Guarda», admite o médico Luís Ferreira.
Contudo, o pneumologista e diretor do serviço no Hospital Sousa Martins confirma que a unidade hospitalar «nunca esteve em situação de rutura propiamente dita e conseguiu sempre responder às necessidades». Destes tempos de “guerra” contra um inimigo invisível, Luís Ferreira guarda a memória de duas situações que o marcaram «profundamente». A primeira aconteceu a 5 de março de 2020, quando recebeu e diagnosticou o primeiro doente com Covid-19 que deu entrada na ULS da Guarda. «A segunda foi ter tido a oportunidade de integrar a primeira equipa responsável pela organização da resposta à Covid-19 na ULS em toda a sua dimensão: desde a definição de circuitos, deslocalização de serviços, constituição de equipas e formação de profissionais. Há um ano atrás não sabíamos o que sabemos hoje sobre a doença, o que representou um enorme desafio profissional cujo resultado foi reconhecidamente positivo», admite Luís Ferreira.
Quanto à experiência destes doze meses, o pneumologista diz ter aprendido que no combate a uma pandemia «é fundamental ter uma rápida capacidade de adaptação e resposta, assim como uma enorme resiliência». Entretanto, a luta contra a Covid-19 não esmorece e até esta terça-feira tinham sido vacinadas 19.508 pessoas no âmbito da segunda fase do plano de vacinação. Dessas, 9.998 tinham levado a primeira dose e 9.510 já tinham a vacinação completa. Esta terça-feira estavam internadas com a doença 27 pessoas no Hospital da Guarda, seis das quais nos cuidados intensivos, de acordo com dados oficiais da ULS. Ou seja, a taxa de internamento é agora da ordem dos 25,9 por cento, enquanto nos cuidados intensivos ronda os 50 por cento.