Década decaída

«Para 2021, muita gente diz ter esperança de ver a luz ao fundo do túnel. Confesso que ver a luz ao longe não chega. Em 2021, quero que este túnel termine e seja ofuscado quando dele sair.»

Amanhã, o milénio faz vinte anos. Vamos em 2% do milénio. Para quem acha que o fim do mundo está próximo, ainda tem muito que esperar. O povo bem sabe que o fim do mundo só se dá em fins de milénio. Não foi no ano 1000 que o mundo foi engolido por bolas de fogo, no ano 2000 nem os computadores pifaram, agora é esperar pelo ano 3000.

Para 2021, muita gente diz ter esperança de ver a luz ao fundo do túnel. Confesso que ver a luz ao longe não chega. Em 2021, quero que este túnel termine e seja ofuscado quando dele sair.

Para 2021, desejo aos meus compatriotas muita sorte. Com a competência de quem nos governa, a sorte vai ser fundamental.

Espero que o número de falecimentos diminua, especialmente provocados por essa pandemia, a violência doméstica e de agentes do SEF.

Anseio que os incêndios não aconteçam ao mesmo tempo que as tempestades tropicais, para não prejudicar o óptimo trabalho do Ministro da Administração Interna. Sei que é óptimo, porque o trabalho tem sido muito elogiado pelo Ministro da Administração Interna.

Espero que as vacinas cheguem para todos, mesmo para aqueles que não aceitem tirar a roupa em directo para a CMTV.

Portugal vai assumir a presidência rotativa da União Europeia nos próximos seis meses. O povo exulta na rua, com tanta liderança. O Grande Líder Costaline vai com certeza deslumbrar a Europa com novas geringonças e jigajogas.

Para celebrar a presidência portuguesa, passarei os próximos seis meses num país bem distante. Com sorte, nem vou dar conta de que o nosso governo está ao leme da Europa. Já basta o que fazem com a condução da barca, quanto mais da frota inteira.

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia

Devido a compromissos académicos, Nuno Amaral Jerónimo suspende a sua crónica semanal até fevereiro.

Sobre o autor

Nuno Amaral Jerónimo

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