Refletir, hoje, sobre a Guarda e seu concelho obriga-nos a olhar para a importância das autarquias nos mais variados domínios: ordenamento urbano e rural, abastecimento público, energia, transportes e comunicações, equipamento rural e urbano, habitação, património, cultura e ciência, educação, tempos livres e do desporto, saúde, proteção da comunidade, ação social, proteção civil, ambiente, salubridade e saneamento básico, promoção do desenvolvimento, defesa do consumidor; cooperação externa.
Se ao longo dos mais de 40 anos de democracia são visíveis na Guarda e no seu concelho marcas de um desenvolvimento – embora desigual – na maioria dos domínios atrás descritos, não é menos verdade que vivemos um período de “consumo rápido” onde a maioria dos projetos que se apresentam não são pensados estrategicamente e de forma integrada e coerente.
É necessário avançar com projetos realmente estruturantes que passam por uma estratégia assente numa cidade de cultura e turismo. A criação de museus – um museu da emigração, por exemplo –, o aproveitamento do TMG com uma programação de alto nível, a criação de uma bienal de artes e a requalificação do centro histórico são exemplos de um caminho que deve ser seguido. Também o turismo ligado aos desportos de montanha bem como o turismo religioso, deve ser desenvolvido de uma forma coerente e sustentada.
A par destas possibilidades, deve igualmente ser trabalhado o projeto de transformar a Guarda numa cidade bioclimática, aproveitando-se os muitos recursos naturais e humanos existentes. A aprovação do projeto de um “Porto Seco” para a Guarda é, ainda, outra ideia que deve ser trabalhada pois é de capital importância para a nossa região.
A aposta na Saúde e na oferta de serviços de qualidade, onde se enquadra a requalificação dos espaços do Hospital Sousa Martins, é outra das prioridades.
Por fim, citando Isabel Guerra (“Cidadania, exclusões e solidariedades. Paradoxos e sentidos das ‘novas políticas sociais’”, in Revista Crítica de Ciências Sociais, 63, 2002), «a partir de agora as políticas públicas e, muito particularmente, as políticas sociais têm um significado, representam uma visão do mundo e um projeto de sociedade. Dito de outra forma, poderíamos dizer face a um país “diz-me que políticas sociais ensaias e dir-te-ei que mundo queres e que visão de sociedade tens”».
Olhar para a agenda local do ponto de vista das políticas sociais implica então estar presente, conhecer, aferir, perguntar, criar relação, consolidar redes em torno de dimensões que vão desde a proteção social até à não discriminação, passando por tantas camadas como: as respostas às famílias, a saúde, a diversidade cultural, a exclusão, a pobreza, as dependências, a igualdade de oportunidades entre mulheres e homens, os direitos das minorias, o combate ao idadismo, a deficiência.
Significa, no concreto, que a autarquia da Guarda deve estar na linha da frente no combate à pobreza e à exclusão criando respostas de carácter social, oferecendo bens e serviços gratuitos, promovendo a inclusão e igualdade de oportunidades.
Coordenador distrital da Guarda do Bloco de Esquerda