No início do ano é habitual fazermos balanços e ponderarmos expetativas.
Na Guarda, é tempo de pensar como vai ser o ano 2020 e, de forma criativa, como é que a cidade mais alta está a construir a ambiciosa candidatura à Capital Europeia da Cultura 2027, cuja escolha deverá ser anunciada em 2021.
A verdade é que, além dos grandes eventos de entretenimento para massas, são escassas as ideias diferenciadoras e desafiantes, e muito menos as que têm projeção nacional.
Não falta engenho nem habilidade, não falta vontade de tornar a Guarda num destino mais cultural, produtivo, criativo e com melhor qualidade de vida. Mas começa a faltar tempo para encontrarmos as melhores soluções, para prender cá as pessoas e o talento que pode contribuir positivamente para esta candidatura.
Além disso, a Guarda pode ter todos os ingredientes para criar e atrair, mas seria expectável que nesta altura, a dois anos da decisão, já houvesse algo mais do que meras sessões de apresentação para regozijo de todos.
Em 1994 Lisboa foi Capital Europeia da Cultura, em 2001 foi o Porto e em 2012 Guimarães. Nas três cidades a marca da capitalidade ficou impressa de forma indelével. Esta iniciativa da União Europeia visa «acentuar a riqueza e diversidade de culturas na Europa, celebrar as marcas culturais partilhadas pelos europeus, aumentar nos cidadãos o sentido de pertença a um espaço cultural», entre outros.
Para isso temos que estar todos convocados para abraçar e celebrar, para fruir dos nossos espaços culturais e para fomentar o contributo da cultura nas nossas vidas de uma forma particular ou coletiva, voluntária ou involuntária. Para a Capital Europeia da Cultura de 2027 as pessoas devem importar mais que a programação, o imaterial será mais relevante que em candidaturas anteriores. O agregar e envolver será determinante. A Guarda parte na liderança de 17 municípios, numa dimensão regional e transfronteiriça que carregará uma energia positiva e uma força extraordinária. Há várias cidades na corrida, por isso devemos unir-nos em torno da nossa Candidatura, porque a participação dos cidadãos passou a ser mais valorizada e é absolutamente fundamental nos critérios de avaliação.Temos que olhar para os projetos artísticos já ativos na cidade e região, bem como para o seu património material e imaterial.
Uma Capital Europeia da Cultura não é, nem pode ser, “um festival cultural”, mas um ano de utopia, arte e cultura. Em 2027 será a Guarda, oxalá!
* Diretora adjunta do beira.pt, investigadora LabCom (UBI) e docente do IPG