Não há, certamente, cuidado mais lastimável do que aquele que se traduz em invejar a vida dos outros. A criticar e impedir a realização dos projetos dos outros. Só por simples inveja da vida e do sucesso dos outros.
Uma inveja recalcada, cega, que atropela, deturpa, mente e insinua para fazer o seu caminho.
Olhar alheio, raramente amigo, dedo sempre em riste, sem ética, nem código de maneiras no julgamento público, inquisitório, sumário e sem contraditório. Em regra, estes críticos das coisas e da vida alheia parecem ter mais trabalho do que quem as faz.
É enorme a lista de reservas que lhes colocam. De erro em erro, assim lhes parece tudo o que aconteceu, reduzindo o passado a simples papel de embrulho. Um derrotismo de quem não tem presente e se alimenta de vésperas.
Ficam felizes, na aldeia de cada um, ao fazer da sua própria vida uma missão de impedimento, contemplando alegres os desertos que asseguraram. Não imaginam a vida sem um regulamento que limite e molde a vida dos outros à reduzida dimensão da sua ambição.
Imaginam que todos temos de crescer como trepadeiras, encostados ao muro, alinhados por grades a servir de guias. Os trajetos previstos, inspecionados, revistos, medidos, comparados, corrigidos e reprimidos. Qualquer assomo de criação é pecado, uma solução imprevista é um desarrumo.
Para eles, a vida não cria, está ali, simplesmente, às ordens. Às suas ordens, assegurando a paz dos cemitérios. Que viva a liberdade de respirar, de criar, de inovar, de sentir, de fazer, sem amarras, sem ódios, sem raiva, sem inveja!
Para cada um poder morrer sem ter pena de ter vivido.
* Antigo presidente da Câmara de Trancoso e presidente da Assembleia Distrital do PSD da Guarda