O orçamento municipal para o próximo ano foi aprovado por maioria na segunda-feira, com os votos contra dos dois vereadores do PS. De acordo com as Grandes Opções do Plano (GOP), as funções económicas mobilizam 16 milhões de euros, seguidas das funções sociais com 12,5 milhões de euros e das funções gerais com 3 milhões.
No próximo ano, Carlos Chaves Monteiro tenciona iniciar vários «projetos estruturantes», como o Centro de Exposições Transfronteiriço (ou Pavilhão Multiusos), que também vai albergar o futuro Centro Tecnológico Carvalho Rodrigues dedicado ao “cluster” da indústria automóvel, o Centro de Inovação – que arrancará inicialmente nas antigas oficinas da Câmara e depois terá outro espaço no piso superior do mercado municipal – e o Centro de Interpretação da Cultura Judaica. Neste último caso a autarquia deliberou adquirir uma casa na Rua Sacadura Cabral na reunião quinzenal da passada segunda-feira. Mas há mais, como o Centro de Valorização de Produtos Endógenos a construir na PLIE, os Passadiços do Mondego e a reabilitação da Praça Velha, onde a autarquia tenciona instalar a coleção de pintura de António Piné e a Casa da Memória.
Na requalificação urbana, o município prevê avançar com as obras do arranjo viário na zona da Estação e com a reabilitação de várias ruas e avenidas da cidade. Igualmente previsto está o início do projeto da Alameda dos 5 F’s, que ligará a rotunda à VICEG, com as negociações para expropriação dos terrenos necessários à sua construção. No próximo ano a Câmara quer também iniciar a fase definitiva de despoluição dos rios Diz e Noéme. «É um orçamento responsável, ambicioso, de progresso e com obras estruturantes», considerou o presidente do município. No entanto, Carlos Chaves Monteiro acrescentou que a Câmara «não consegue fazer tudo por causa do fardo pesado herdado do passado» e, a propósito, adiantou que em 2020 serão amortizados mais 2,1 milhões de dívida de médio e longo prazo relativos a «obras do passado e ao PAEL».
Nesse sentido, contrapôs que a maioria PSD tem tido «uma gestão de rigor» e que, alcançado «o equilíbrio das contas, chegou agora o momento de promover o desenvolvimento». Uma visão que não foi partilhada pelos eleitos do PS: «Este é um orçamento de lugares comuns, de frases feitas, que não conduz a lado nenhum. É a cassete para explicar a ausência confrangedora de uma estratégia para a Guarda», considerou Eduardo Brito. O vereador lembrou que o município «continua a sacrificar os guardenses» com as taxas e tarifas «das mais caras do país» e «não faz nada para atrair investimento, pessoas e inovação». Eduardo Brito notou, nomeadamente, a ausência de «medidas estruturais» para o mundo rural, o centro histórico e a inovação e conhecimento.
Parque infantil para deficientes chumbado
A instalação de equipamentos para crianças deficientes num parque infantil da cidade foi inviabilizada por falta de cabimentação orçamental.
A proposta tinha sido feita pela vereadora do PS Ana Cristina Correia, que foi informada por um técnico que não poderia ser realizada. Eduardo Brito insurgiu-se pelo facto de ter sido «um técnico a decidir e não o executivo», mas Carlos Chaves Monteiro justificou que o procedimento «não cumpre a lei das finanças públicas porque não tem cabimento em termos orçamentais», Pediu, por isso, para a vereadora complementar a proposta para a integrar no orçamento. Ana Cristina Correia aceitou, não sem antes lamentar que o presidente da Câmara desconhecesse o que se pretendia: «É um parque infantil para crianças deficientes que pode ficar junto a equipamentos já existentes no parque urbano do Rio Diz ou no parque municipal. Além disso, tem um custo irrisório», disse a vereadora.
PS «em condições» de reconquistar Câmara
Eduardo Brito considera que o PS tem todas as condições para reconquistar a Câmara da Guarda em 2021, mas não será candidato. «Eu vim para a Guarda para ajudar, para resolver as coisas, quando ninguém se chegou à frente, não para atrapalhar», disse aos jornalistas no final da reunião de Câmara quinzenal.
O vereador acredita que se iniciou «um ciclo novo» para a Guarda com a reeleição de António Costa como primeiro-ministro. «Estou muito satisfeito com a escolha de Ana Mendes Godinho e de Ana Abrunhosa para ministras e de Rita Cunha Mendes para secretária de Estado, porque o problema da Guarda é a falta de peso político», disse. Volvidos dois anos sobre as últimas autárquicas, Eduardo Brito admite que o PS conseguiu «recuperar depois da derrota enorme de 2017» e ficou ainda mais confiante após o ciclo de vitórias nas europeias e legislativas. «A Câmara da Guarda está ao nosso alcance», sublinha, dizendo-se favorável a uma candidatura «nova, de ruptura», que deve ser apresentada «na Primavera» do próximo ano para o PS «se afirmar». Confrontado com estas declarações, Carlos Chaves Monteiro respondeu que os socialistas «não estão preparados para assumir o governo de uma cidade que é capital de distrito».
De resto, Eduardo Brito aproveitou o debate sobre o orçamento para 2020 para elogiar o trabalho do vice-presidente da Câmara, Sérgio Costa. A O INTERIOR, o socialista afirmou que não era «uma provocação», mas a «constatação de um facto» porque «há imensas obras de infraestruturas neste orçamento, um pelouro que é do vice-presidente». Contudo, Carlos Chaves Monteiro fez questão de corrigir o socialista ao dizer que «o trabalho é do executivo» que coordena.