O ministro da Inflamação Interna inflamou-se com os jornalistas que lhe perguntaram sobre as golas que inflamam quando ficam perto de flamas. O ministro ficou exfoliado, para não escrever expedido. Para este Governo da Nação qualquer afirmação é uma difamação. Até as deflagrações são conspirações. Quem administra o território acha sempre que o falatório precisa de anti-inflamatório e manda um notório dar um correctório a quem aparecer no locutório.
O filho do Secretário, com honestidade de sacrário, tinha os negócios no armário. Será ele um salafrário? Não, porque é partidário, socialista, logo solidário. Trabalha, tem horário, não merece ele um salário? Merece, porque não é adversário.
As populações pedem satisfações a quem deixou arder duas Mações? Os geradores dos incêndios são esses energúmenos do povo que abandonaram as zonas onde abunda o arvoredo para se acantonarem de madrugada à porta dos locais onde se renova o cartão, que são os centros de reciclagem do cidadão.
Os responsáveis pelas combustões são esses imbecis do povo que desertaram das matas, acorrendo em massa aos hospitais das cidades, provocando gigantescas filas de espera. Não é esta acção, obviamente, uma conspiração para denegrir a governação?
As golas ardem, as bolas fervem, as molas partem. Estarei eu a falar de fogos, de futebol, ou de fermentação, para não escrever formicação (o mesmo que comichão)?
Caro leitor, este é o primeiro artigo de Agosto. Encare esta crónica como encara todas as notícias sobre as artimanhas negociais de familiares dos nossos governantes. Não espere melhor na próxima.
* O autor escreve de acordo com a antiga ortografia