Portugal é um Estado unitário, sem fronteiras, onde todos gozamos dos mesmos direitos.
Em 16 de setembro de 2015 escrevi uma carta (aberta) a Maria Antónia Moreno Areias de Almeida Santos pedindo-lhe, entre outras coisas, que marcasse a diferença, que pudesse ser a exceção à regra de todos quantos já foram salteadores/ paraquedistas neste rincón serrano que, depois de servidos, rumaram a outras bandas e nunca mais ninguém lhes pôs a vista em cima. Maria Antónia foi mais um destes casos a somar à vasta lista de (notáveis) deputados eleitos pelo círculo eleitoral da Guarda num quadro de (des)honra política tricolor: Miller Guerra, Luís Barbosa, Almeida Santos, Fernando Cardote, António Vitorino, Veiga Simão, Vasco Valdez, Francisco Assis, Miguel Frasquilho, Paulo Campos, António José Seguro, Manuel Meirinho, Pina Moura, Arménio Matias, Maria Antónia e, isto sem esquecer alguns que chegaram a aterrar em comissões instaladoras e serviços descentralizados do Estado, uns vindos dos montes hermínios, outros das estepes do oeste e ainda outros da terra de ninguém.
Pobre pátria mia onde todos eles entram com a permissividade permitida e a promiscuidade político-partidária, num mercantilismo de conveniência, usando e abusando do maltratado eleitor e, sem pedirem licença, sem conhecerem o terreno, instalam-se durante meia dúzia de semanas como autênticos nababos no pobre reino deste interior profundo.
Pobre pátria a minha que vai permitindo que estranhos entrem e outros utilizando o estatuto de nascer cá, do avô ou a avó serem de cá ou ainda ter raízes por cá, possibilitem que o Global Positioning System (GPS) os traga, nem que seja apenas e tão só durante a pré-campanha e campanha e fiquem a conhecer (tem essa vantagem) a terra dos (seus) pretensos antepassados.
Neste atentado à nossa força e convicção sabe-se agora que o PS poderá propor mais um salteador/ paraquedista, que de peito feito e ato ensaiado no simulador do poder rosáceo, virá arrebanhar os votos beirões.
Dizem-me que Ana Mendes Godinho, natural de Lisboa, com raízes por cá (Ah… Ah… Ah) pode ser protagonista de uma tal quota nacional do secretário-geral rosa, repetindo-se a tal estória, que (não) deixa história e é antes a historieta do passado. O carteiro toca sempre duas vezes e Fidel diz que ela, a tal, sempre se irá repetir, e se a referida senhora é para ir depois para o (futuro) Governo, que necessidade tem de ser candidata a deputada por um pequenino círculo de três… No entanto, o que realmente importa é ir votar, sendo forçado a dar razão aos anarcas do antigamente: «O que eles querem é o teu coiro. Oh eleitor».
Habituemo-nos então ao discurso do Alberto Pimenta, aqui nesta região de baixa densidade (dito assim é bonito e politicamente correto), onde o escaparate é bem mais reduzido, para perceber que a promessa dos mundos e fundos se concretize na prática habitual e corrente, nessa sempre oferta generosa de umas costeletas de uma pulga e de um coração de um piolho.
Escrevia em 2015 que o melhor mesmo era pedir emprestada à Guiné a ilha (dos pilha) Galinhas e levar para lá definitivamente o Cenáculo, aconselhando a clique partidária da imposição, dos tiques (quase) ditatoriais e dos repeniques barulhentos das luzes da ribalta a utilizarem esta folha deste mesmo jornal para esconderem a cara, enquanto o desabafo (para não ser outro) tem de ser mesmo este: Arre porra…é demais.