Tendo consciência que a Cultura se alicerça em Valores e Conhecimento, o acesso à Cultura é um objetivo essencial das sociedades desenvolvidas e uma condição indispensável ao exercício de uma cidadania mais exigente, crítica e responsável.
O acesso à cultura e à oferta e fruição cultural e artística são questões equacionadas pelas democracias contemporâneas como objetivos, necessariamente, ligados à própria vivência da cidadania numa lógica de uso e fruição de espaços e de programas culturais que reflitam o desenvolvimento de um certo conceito de “civilização”.
O investimento na Cultura é, hoje, uma aposta estratégica de uma política mais vasta com incidências em campos muito distintos, mas todos eles fulcrais para atingir um nível ótimo de bem-estar social que pressupõe a partilha de responsabilidades com as autarquias, os agentes e criadores culturais, as escolas, as universidades, as empresas, e outras instituições, bem como com os cidadãos em geral.
Muito embora a iniciativa “Capital Europeia da Cultura” seja, antes de mais, uma iniciativa cultural, importa ter em atenção o efeito de alavanca desse título para estimular um desenvolvimento de caráter mais geral e abrangendo diferentes sectores de atividade.
Na verdade, é cada vez maior a consciência que o investimento na cultura afeta positivamente outros ramos económicos e sociais, tais como o turismo, a requalificação e revitalização dos centros históricos, o repovoamento das áreas depauperadas em termos populacionais, a inovação tecnológica, o comércio e a proteção e conservação do património cultural móvel e imóvel.
Está suficientemente demonstrado que os sectores cultural e criativo têm claramente um papel fundamental a desempenhar no desenvolvimento e na capacidade de atração das regiões e cidades e uma das mais-valias reveladas pelas “Capitais Europeias da Cultura” é que estas permitem uma maior visibilidade das as cidades e regiões abrangidas pelo título.
A maior visibilidade que o título acarreta só se torna percetível pela generalidade das pessoas através dos meios que difundem a informação relativa à “Capital Europeia da Cultura” e, nesse sentido, o papel dos meios de comunicação social na divulgação e no despertar do interesse da comunidade pelo programa e conteúdos da iniciativa é inquestionável.
No que ao desenvolvimento do projeto de Candidatura da Guarda a capital Europeia da Cultura diz respeito, vem-se desenvolvendo uma abordagem participativa e inclusiva de toda a comunidade local e regional e, nesse sentido, a colaboração com os órgãos de comunicação social, em especial, dos sediados na região, é um elemento essencial na divulgação e apreciação crítica da sua estratégia.
* Coordenador da Comissão de Candidatura da Guarda a Capital Europeia da Cultura de 2027; Ex-Secretário de Estado da Cultura