Muito se pode dizer, justificar e até “desculpar” sobre o estado da imprensa do interior do nosso país, começando pelos jornais, passando pelas revistas e chegando às estações de rádio.
É um facto que estes meios de comunicação sobrevivem a muito custo à evolução e desenvolvimento dos tempos. Foram muitos os que não resistiram e que, década após década, foram desaparecendo, quer pelo decréscimo nas compras pela tão afamada “crise” da década passada, quer pela falta de meios de autossubsistência, quer mais recentemente pela passagem de grande parte dos jornais e revistas para os meios digitais. Apenas os meios de comunicação dos grandes centros urbanos parecem estar a conseguir manter-se firmes.
Mas será realmente indiferente os meios de comunicação regionais, locais, deixarem de existir? Qual a importância efetiva da imprensa local existente no interior do país? É de facto necessária? É de facto importante? Veja-se… As informações e notícias transmitidas pelos meios de comunicação dos grandes centros urbanos informam a população dos acontecimentos nacionais e internacionais, contudo muito pontualmente esses acontecimentos nacionais se situam no interior do país. Então como se chega ao conhecimento do que “aqui” acontece?
“Aqui” também há eventos culturais, aqui também há inaugurações de espaços públicos e privados para a população usufruir, aqui também há alertas no âmbito judicial e criminal que têm que chegar à população. Se deixarem de existir, na sua totalidade, quaisquer meios de comunicação local como é que a população, os cidadãos, podem saber que têm mais um espaço para visitar e para vivenciar? Como podem saber que há uma peça de teatro, um concerto e posteriormente ter o feedback do acontecimento? Como pode o cidadão local saber de eventuais situações criminais que estejam a decorrer e que por isso, deva estar mais alerta? Não é nos meios de comunicação nacionais que este cidadão local vai obter estas informações, estas notícias.
É por isso, de facto, de extrema importância manter a existência dos jornais, revistas e estações de radio locais para continuarmos a saber o que se passa “lá fora”, mas também o que se passa “aqui” ao nosso lado, no nosso interior. Por tudo isto, ao jornal O INTERIOR, que se manteve firme nestes já 19 anos (e mil edições), Parabéns e Obrigada.
* Arquiteta