Janeiro é mês de Davos. Palco do tal Fórum Económico Mundial. A pequena cidade suíça ganha projeção internacional ao acolher banqueiros, empresários, políticos que trocam ideias entre eles com vista a continuarem a ser os donos disto tudo e, de forma cínica, defendem soluções para problemas que eles próprios criaram, concluindo-se que tudo vai ficar na mesma, onde essas enigmáticas e sombrias personagens burguesas saem sempre a ganhar.
A desigualdade (infelizmente) continua em Davos e, também por cá, permanece na ordem do dia. Assim, continua a ser nosso entendimento que todos os mecanismos devem ser propostos, debatidos e acionados tendo em conta que tudo deve ser feito em processo de verdadeira cidadania, de justiça, respeitando os direitos humanos, percebendo que os problemas sociais e ambientais, incluindo as alterações climáticas, têm obrigatoriamente de ter a participação de todos incluindo, claro está, a vontade política num debate profundamente democrático.
Imaginemos que, por qualquer varinha mágica, fosse possível terminar com os tais paraísos fiscais onde os mais de 25 biliões de euros (cerca de um terço de toda a riqueza mundial) pudessem gerar um aumento de receitas fiscais acabando assim com a pobreza extrema em mais de metade da humanidade. E já agora que dizer da distribuição do património das 52 pessoas mais ricas que neste momento possuem o mesmo que a metade da população mais pobre deste mundo. Isto era capaz de ser diferente… Muito diferente.
Por curiosidade, o Qatar é o país mais rico do planeta com um PIB per capita que ultrapassa os 130.000 euros e contracena com o Burundi ou a República Centro Africana cuja média não chega aos 350 euros (menos de 1 euro/dia) e a esperança de vida ronda os 50 anos de idade.
Um outro fator a ter em conta é a corrupção.
Mais de 2/3 dos países do mundo têm este problema: eleições que o não são, desvios, roubalheira, gestão danosa, suborno, intimidação, terror. Nesta matéria a Somália leva a dianteira e (infelizmente) na lista dos 10 primeiros encontramos um país dos PALOP’s (Guiné-Bissau). Os menos corruptos continuam a ser todos os países nórdicos, enquanto Portugal (segundo dados da Transparência Internacional). num ranking de 180 países em 2018, é o 30º país menos corrupto. A Dinamarca consegue, durante anos consecutivos, dar exemplo de transparência e integridade enquanto o nosso país vai posicionar-se no meio da tabela europeia num modesto 14º lugar, onde países como Espanha, Itália, Chipre, Croácia, Hungria ou República Checa têm muitíssimas correções a fazer.
2019 vai ser ano de eleições: Europeias, regionais na Madeira e Legislativas. É tempo de levantar a lebre. Tempo de todos os partidos se comprometerem na criação de legislação que crie processos e reformas específicas no combate à corrupção, percebendo que também no quadro europeu isto possa ser feito, acabando de vez com o amiguismo, o compadrio, o nepotismo, os jogos dúbios que só favorecem os manhosos defensores do tacho e da conta bancária que lhes vai arredondando a pança.
É hora de rutura com estas práticas dos cúmplices do pensamento pré-instituído. É hora de todos aceitarmos novos desafios. É hora de outras e novas políticas…