Região

Escolas fazem “ginástica” financeira para manter salas quentes

Com os termómetros a registarem temperaturas mais baixas nesta época do ano já não é estranho ouvir queixas em relação ao aquecimento das escolas. Segundo a delegação da Guarda do Sindicato dos Professores da Região Centro, onde chegam algumas das queixas, esta é uma questão que «já se arrasta há vários anos» e a culpa é sobretudo da «falta de verba» que as escolas têm para gastar em aquecimento.

Entre as escolas sinalizadas está o Agrupamento de Fornos de Algodres, onde o «orçamento não dá para ter o gás o dia todo ligado», confirma o diretor-adjunto. Marcos Fernandes explica que na última semana, em que os dias foram mais frios, «tivemos os aquecimentos ligados até mais tarde, mas nunca o dia todo porque é incomportável». No caso de Fornos de Algodres o problema não está apenas na falta de verba, a escola tem já 26 anos e «o isolamento não é o melhor», acrescenta o responsável, que lembra que este também já «não é um problema deste ano», pois apesar de ter participado o caso à tutela várias vezes, «não é atribuído um aumento e continuamos nisto». Para fazer face à falta de aquecimento a escola já chegou a recorrer ao «uso de ventiladores nalgumas salas, mas mesmo assim é insuficiente», lamenta Marcos Fernandes.
Já em Manteigas, apesar das queixas que chegaram ao sindicato, o diretor afirma que «ninguém na escola passa frio». Renato Alves admite dificuldades na Escola Básica de 1º ciclo, contornadas sempre «com a ajuda da Câmara Municipal», que participa na aquisição de combustível. «Temos tido sempre a escola aquecida», garante o responsável, acrescentando que para isso é «necessário algum esforço». A construção do edifício, «com vidros muito finos», e o local onde está localizado são um problema para a eficiência do aquecimento, o que leva a «um desperdício de verba, pois gastamos mais para garantir que está quente», adianta o diretor.
Também em Gouveia «nunca faltou dinheiro para aquecimento», pois, segundo o diretor do Agrupamento, quando é necessário um «reforço da verba» ele é feito, «nunca me foi negado». Joaquim Loureiro reconhece, no entanto, que há «salas mais frias, por serem mais antigas», mas «não há falta de aquecimento». A Secundária de Seia foi outra das referidas pelo sindicato dos professores, no entanto também aqui a direção escolar nega que a falta de aquecimento seja recorrente. Segundo a diretora, apenas na passada segunda-feira «a caldeira não arrancou em todos os blocos e alguns não tiveram aquecimento». Emília Nascimento afirma que o problema foi «pontual» e que se deveu «não há falta de combustível, mas a uma avaria técnica». Uma situação resolvida «rapidamente» e na terça-feira já estava «estabelecida a normalidade», garante a diretora.
Contudo, a responsável revela já ter sido «ultrapassado» o orçamento «previsto» para aquecer as salas de aula e espera agora «um reforço» de verbas. Trata-se de cenário igual ao dos anos anteriores, «mas temos conseguido com alguma ginástica manter a escola quente». Emília Nascimento avisa, no entanto, que caso esse reforço seja recusado «teremos de desligar os aquecedores».

Em Belmonte alunos manifestaram-se contra falta de aquecimento

Esta semana também a Escola Pedro Álvares Cabral, em Belmonte, foi notícia pela falta de aquecimento. Segundo a direção do Agrupamento, a situação deveu-se a «uma avaria técnica».
Um episódio que já vinha da semana anterior, «mas que estava resolvido desde quarta-feira», segundo adiantou a O INTERIOR David Canelo. Entretanto, já na última terça-feira o equipamento «voltou a falhar». Condições que desagradaram aos alunos, que protestaram em frente aos portões da escola na terça-feira. Contrariando a versão dos responsáveis do agrupamento, os estudantes dizem estar sem aquecimento «há duas semanas». Sem saberem quando o problema vai ser resolvido, uma vez que a ausência de aquecimento se prende «com condições técnicas e não pela falta de gás», a direção tem colocado radiadores a óleo nalgumas salas.
Também na Covilhã, a Escola Básica de 2º e 3º ciclo do Paul enfrenta problemas de falta de aquecimento. Neste caso, a situação regista-se apenas no pavilhão gimnodesportivo e não é por falta de verbas, mas pela ausência de equipamentos em todo o edifício, o que impede o aquecimento do espaço e da água dos balneários. A diferença em relação a outros casos é que o pavilhão, apesar de se encontrar no recinto da escola, é da responsabilidade da Câmara da Covilhã. Apesar das várias tentativas, O INTERIOR nunca obteve resposta da direção do Agrupamento.

Sobre o autor

Ana Eugénia Inácio

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