Governo quer reduzir 5 por centos das vagas de das instituições de ensino superior das duas maiores cidades portuguesas, para aumentar no interior do país.
No próximo concurso de acesso ao ensino superior as universidades e politécnicos de Lisboa e Porto poderão ter menos 5 por cento das vagas que têm oferecido até agora. Esta é uma proposta do Governo que ainda está em discussão, mas a seguir em frente afeta nove instituições daquelas áreas metropolitanas, que perdem assim 1.110 vagas, ao mesmo tempo que o resto do país vê também aumentar na mesma proporção (5 por cento) a sua oferta.
Segundo Manuel Heitor, ministro do Ensino Superior, em declarações à Antena 1, a intenção é que nos próximos dois anos haja uma «pequena redução» das vagas em Lisboa e no Porto «para poder ter mais estudantes de formação inicial gradualmente no interior do país». Atualmente só nas duas maiores cidades do país estão concentrados 48 por cento dos estudantes inscritos no ensino superior público, mas se olharmos também para as instituições privadas sediadas nas duas principais cidades do país, esse número sobe para 65 por cento. O anunciou foi feito na passada sexta-feira e não tardou a gerar críticas por parte das instituições afectados, pois se a proposta seguir em frente, haverá menos propinas a ser cobradas e o financiamento do Estado também se altera. Ou seja, menos alunos irá significar menos dinheiro. Segundo o “Expresso”, quando se fala em menos dinheiro é qualquer coisa como 4 milhões de euros por ano, sendo que só em propinas serão menos 1,2 milhões de euros.
A proposta necessita do parecer do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas e do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos e só em maio será conhecida uma decisão final sobre este assunto, mas para já o presidente do Politécnico da Guarda não esconde «a satisfação» de ver esta proposta em cima da mesa. Para Constantino Rei esta é «uma medida positiva e finalmente alguém tem a coragem de o fazer». Apesar de achar que «ainda não é suficiente», o responsável considera que não deixa de ser «uma medida importante» e acredita que «ainda que não tenha muito impacto, tem sempre algum e pode trazer-nos mais alunos». No entanto, a reitoria da Universidade de Lisboa, uma das instituições afetadas, já veio dizer que a redução de vagas trará consequências negativas, entre elas a «fuga de alunos para o privado, desistências e desajustamento nos quadros de pessoal».
As instituições de ensino superior nos grandes centros urbanos continuam a atrair jovens das regiões do interior e acredita-se que 80 por cento dos jovens da Guarda, Santarém, Portalegre, Viana do Castelo ou Beja saiam dos seus distritos quando ingressam no ensino superior.
Ana Eugénia Inácio