P- Como está o PSD na Covilhã depois dos resultados das últimas eleições autárquicas?
R- O PSD está bem e recomenda-se. Sempre que existem eleições há ciclos que terminam e dão início a outros. O dia 1 de outubro marcou o fim de um ciclo no PSD da Covilhã. Este é o momento de olharmos para o futuro ciclo autárquico porque essa é a competência principal de um órgão concelhio. É esse o caminho que está definido nas mentes dos intervenientes deste projeto político: construir, unir e liderar. O passado não será o guião do nosso presente nem do futuro que queremos construir.
P- Como vê o facto de, pela primeira vez, o PSD não estar representado no executivo municipal?
R- Essa é a realidade que adveio do escrutínio dos covilhanenses que não se identificaram com as propostas apresentadas pelo PSD. Faz parte da vida política a escolha de outros intervenientes. Cabe ao PSD perceber a razão, encontrar as soluções e apresentar as alternativas. Mas não será pela não representação no executivo municipal que deixaremos de apresentar as nossas propostas e de explicarmos à população o que pretendemos para o futuro.
P- Acha que o PSD foi prejudicado pela candidatura de Carlos Pinto à Câmara? O que vai fazer em relação a esse histórico dirigente?
R- A minha interpretação do resultado eleitoral das últimas autárquicas é muito clara. Houve uma excessiva “balcanização” nas candidaturas apresentadas pelo centro direita que empurraram a Covilhã para o cenário do voto útil na candidatura do PS. Isso parece-me evidente. Quanto à sua segunda questão, recordo que o lema da minha candidatura à comissão política do PSD Covilhã era “Unir para Vencer”. É nesse sentido que conto com todos os militantes ou não militantes que se identifiquem com a matriz social-democrata. Sobre Carlos Pinto, eu, como muitos sociais-democratas, tenho um enorme respeito político pelo homem que durante vinte anos protagonizou a mudança que a Covilhã necessitava ao leme de uma equipa do PSD. Este é o momento de seguirmos em frente, olhar para o futuro. É ai que o PSD da Covilhã estará focado para quando o amanhã chegar ter as soluções presentes. O saudosismo dos dias de ontem não nos permitem olhar com a clarividência exigida pela Covilhã para o dia de amanhã.
P- Considera que o desaparecimento de Marco Baptista, candidato do PSD à Câmara da Covilhã, que alegadamente fugiu com dinheiro da Rede de Judiarias, afetou o partido?
R- Não conheço a situação em si, nem irei fazer comentários sobre situações alegadas. Falo de factos concretos, que são aqueles que me permitem ter a minha opinião. Qualquer instituição ou entidade que tenha um líder escolhido ou democraticamente eleito e, num determinado momento, deixa de contar com a sua presença fica fragilizada. Obviamente que até 13 de janeiro o PSD Covilhã foi afetado porque o seu presidente deixou de estar. A partir dessa data a normalidade foi reposta com a eleição dos novos órgãos da concelhia. Este é o momento de deixarmos de olhar para o espelho retrovisor e mudar o nosso foco, começando a falar do futuro. Porque é esse que me preocupa, porque é o futuro que posso alterar.
P- Quais são os principais projetos para este mandato?
R- Este mandato está projetado num ciclo de dois anos com a possibilidade de se poderem realizar mais dois anos, consoante a avaliação realizada pelos militantes, garantindo a estabilidade politica tão necessária a qualquer entidade para apresentar uma alternativa governativa assente nas suas ideias e propósitos. Em pleno século XXI temos de deixar de fazer a política do século XX. Os militantes do PSD Covilhã têm de estar informados sobre as atividades, as posições e as bandeiras que defendemos. É urgente uma remodelação na forma de comunicação da concelhia, bem como da forma como internamente nos organizamos. Iremos criar um plano de formação aberto aos nossos militantes e autarcas, correspondendo às necessidades de procura do conhecimento. Apresentaremos brevemente o nosso plano de atividades para 2018 e estamos a trabalhar na nova plataforma de comunicação. Só depois dessa remodelação conseguiremos mudar o foco para as nossas comunidades e falar das nossas bandeiras políticas, que são a defesa integral do interior e das suas instituições, cronicamente subfinanciadas como a UBI e o Centro Hospitalar da Cova da Beira, abolição das portagens na A23, estar ao lado dos corajosos empresários crentes no nosso território nas suas preocupações, apoiando a criação de estatutos fiscais diferenciados para um território que é diferente.
P- Que avaliação faz da gestão de Vítor Pereira à frente da autarquia?
R- É uma avaliação politicamente desastrosa para o concelho. Desde o dia 1 de outubro, enquanto cidadão, tenho assistido a um chorrilho de disparates. Esperava uma liderança forte, uma ambição positiva, e o que a Covilhã tem visto em cinco meses de governação é um ziguezaguear constante, de num dia se oferecer para no outro se retirar. Antes das eleições o preço da água diminui para aumentar em 2018. Sobre a CIM Beiras e Serra da Estrela esperava uma posição fortíssima de alguém que, no passado, tinha sido presidente e agora tem uma confortável posição maioritária no seu executivo, prestigiando a região. Assisti à demissão de responsabilidades. Presenciei, nas eleições internas do PS, candidatos a realizar observações sobre a política municipal que nunca tinham saído da boca de opositores a essa mesma política, num espírito de guerrilha interna nunca visto. A Covilhã não pode ficar refém dos objetivos internos de qualquer partido político.
P- Ambiciona ser candidato a Câmara da Covilhã em 2021?
R- Ambiciono, sim, construir um projeto governativo com a credibilidade necessária para ser alternativa ao atual executivo municipal. Nunca me preocupei com destaques individuais, nem tenho qualquer ambição pessoal que não seja voltar a ver o PSD a liderar a Covilhã. E para isso acontecer nunca poderá ser um nome a destacar-se. Temos de construir uma grande equipa, com capacidade, ambição e disponibilidade para nos tornarmos a alternativa que a Covilhã precisa
Perfil:
Presidente da Comissão Política Concelhia do PSD Covilhã
Idade: 37 anos
Naturalidade: Castelo Branco
Profissão: Técnico Superior de Bibliotecas e Documentação
Currículo: Licenciado em Língua e Cultura Portuguesas (ensino) e Mestre em Ciências Documentais pela Universidade da Beira Interior; bibliotecário municipal de Alter do Chão e Abrantes entre 2008 e 2015; subdiretor-geral da Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas (DGLAB) desde 2015; secretário da Distrital do PSD Castelo Branco desde 2016; e presidente da Secção do PSD Covilhã desde 13 de janeiro de 2018.
Livro preferido: “A Mensagem”, de Fernando Pessoa
Filme preferido: “O discurso do Rei”, de Tom Hooper
Hobbies: Ler, viajar (sempre dentro de Portugal)