Há mais uma boa notícia para os néctares da região. A Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI) foi distinguida pela revista “Vinho Grandes Escolhas” como Organização Vitivinícola do Ano. Esta importante distinção conhecida como “Os Óscares do Vinho” elegeu a CVRBI, num jantar que decorreu no pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, e reuniu todo o setor do vinho em Portugal.
Mostrando-se orgulhoso e «lisonjeado por tão importante galardão», o presidente da CVRBI, João Carvalho, já agradeceu a atribuição deste prémio, «em nome de todos os que trabalham em prol do desenvolvimento da Beira Interior». Para o também produtor de vinhos, esta distinção deve-se «ao trabalho dos últimos seis/sete anos completamente diferente do que vinha a ser habitual» e conclui que «afinal temos trabalhado ainda melhor do que pensávamos». A O INTERIOR João Carvalho contou que quando soube do prémio ficou «completamente sem palavras». Estava presente no jantar, «mas não esperava esta distinção. Ver naquele momento o nome da CVRBI foi excecional», confessa o responsável.
É hoje inegável que os vinhos da Beira Interior têm vindo a ganhar cada vez mais notoriedade a nível regional e nacional e o objetivo é que se tornem numa «locomotiva do desenvolvimento desta vasta região», afirma o presidente da CVRBI. Os números são cada vez maiores, não só a nível de vinhos certificados como em número de operadores. Nos últimos anos a comissão vitivinícola investiu na certificação dos seus vinhos, «algo que demorou muitos anos», diz João Carvalho, mas hoje «andamos um pouco por todo o mundo e começamos a colher frutos». Prova disso é o «crescimento percentual maior do que é habitual, cerca de 10 por cento ao ano». O também produtor considera que será cada vez mais difícil crescer, «é mais fácil crescer do pequenino do que do grande», mas isso não o fará baixar os braços. «Ver o nosso trabalho reconhecido anima-nos para continuar com mais força», sublinha.
Esta distinção é por isso «uma nova responsabilidade para a CVR da Beira Interior, mas também, um alento e um motivo de orgulho por ver reconhecido o trabalho de todos», refere. Citando o escritor espanhol António Machado, que disse que «o caminho faz-se caminhando», o presidente da CVRBI considera que este «é mais um importante passo, para potenciar toda uma região, que depois de um período mais apagado, entrou em definitivo na rota dos grandes vinhos portugueses».
Vinho da Quinta dos Termos no Top 30
Ainda na gala “Grandes Escolhas”, a região foi contemplada com mais uma boa notícia, desta vez em nome da Quinta dos Termos, que recebeu o Prémio Top 30.
O vinho distinguido foi o Quinta dos Termos Tinto DOC Reserva Talhão da Serra 2014, elaborado de uvas de uma casta autóctone da região da Beira Interior: Rufete. Esta é uma variedade antiga e que João Carvalho, também proprietário da Quinta dos Termos, aprecia particularmente por ser uma casta autóctone. «Gosto de apreciar o que é nosso», afirma. Segundo o produtor, esta foi em tempos a maior casta da Beira Interior e por isso mesmo «havia tendência para o arranque», ao contrário de João Carvalho que quis apostar nela e descobriu que «quando bem estudada e trabalhada tem propriedades fantásticas». Considerando esta distinção «muito gratificante e que nos coloca no topo», não é a primeira vez que a Quinta dos Termos vê um dos seus vinhos distinguidos. Contudo, foi a primeira vez que um galardão desta ordem foi atribuído a um vinho da Beira Interior. Um estreia que João Carvalho recusa ver apenas como uma conquista pessoal, pois «olhamos para a região como um todo e trabalhamos sempre para o crescimento de toda a Beira Interior, que tem um enorme potencial».
Quanto à Quinta do Termos, não tem dúvidas que «hoje é uma referência» e no mundo dos vinhos «toda a gente nos conhece». A presença em feiras internacionais tem sido uma aposta «importante» e que vai continuar. Mas o segredo do sucesso está «no trabalho continuo». João Carvalho foi também professor universitário e «talvez por isso fiquei sempre com o bichinho da investigação», algo que aplica em todos os seus negócios «para saber o que podemos fazer e melhor». Confessa que anda sempre «à procura de coisas novas». Atualmente aposta na casta callum e acredita que «vai dar muito que falar».
Ana Eugénia Inácio