Estávamos em maio do ano passado quando Andreina Cavaleiro se dirigiu à CERCIG, no âmbito do projeto “Queres ser voluntário por um dia?”. Foi um dia que nunca mais esqueceu e que qualifica mesmo como «um dos melhores» da sua vida. A aluna de Contabilidade na Escola Superior de Tecnologia e Gestão (ESTG) do Politécnico da Guarda admite mesmo que a experiência lhe «soube a pouco».
«O que mais me marcou foi o facto das pessoas me terem recebido de braços abertos, mesmo sem me conhecerem. Fiquei muito feliz», recorda com um sorriso estampado na cara. Com 20 anos, Andreina Cavaleiro faz parte do grupo de cerca de uma centena de pessoas que abraçou no IPG a causa do voluntariado. A estudante, a frequentar atualmente o terceiro ano, aderiu ao projeto assim que chegou ao Instituto. «Participar nesta iniciativa fez-me crescer como pessoa. É um tempinho que se perde, mas que é tão gratificante para nós como para aqueles que recebem a nossa ajuda», explicou a estudante natural de Figueira de Castelo Rodrigo.
A ideia de criar o projeto “Queres ser voluntário por um dia?” partiu da direção da ESTG, da qual Cristina Rosa faz parte como técnica superior. A realizar o mestrado em Gestão (2010), a antiga aluna decidiu fazer a sua tese na área da responsabilidade social e isso despertou-lhe «a vontade de planear e organizar atividades na área do voluntariado». Ficou então incumbida pela direção da escola de coordenar a atividade. Embora com histórias diferentes, o percurso de Daniele Vidal, licenciada em Energia e Ambiente e atual aluna de mestrado em Sistemas Integrados de Gestão, cruza-se com o de Cristina Rosa ao ser convidada para integrar o projeto. Desde então estão unidas em prol de um objetivo comum: ajudar o próximo.
O projeto, lançado em junho de 2013, tem como finalidade responder às necessidades das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) da região e, atualmente, o número de colaboradores ronda a centena. São alunos, professores, funcionários e alguns voluntários da comunidade externa, com idades compreendidas entre os 18 e 50 anos. Este ano, a ação vai abranger nove instituições entre maio e junho. Quanto ao número de pessoas apoiadas, as coordenadoras do “Queres ser voluntário por um dia?” não arriscam e dizem que é impossível quantificar, mas, segundo o Portal das Universidades Portuguesas, o projeto terá cerca de 400 beneficiários diretos.
Da agricultura ao desporto, passando pela saúde e pela recolha de roupa e alimentos, são várias as atividades em que os voluntários podem participar, bastando inscrever-se online no site do IPG. Contudo, os apoios são escassos e isso acaba por dificultar o alcance do projeto. Cristina Rosa adianta que «o único apoio que temos é do Politécnico, que cobre todas as despesas que possam existir, caso do transporte dos voluntários até às instituições».
Prémio de Voluntariado Universitário do Santander
De hospitais a fingir para combater o medo da bata branca a centros de explicações gratuitas para melhorar as notas na faculdade, foram muitos os projetos candidatos ao prémio de voluntariado universitário do Santander Totta. Dos mais de 50 projetos inscritos apenas dez foram finalistas, beneficiando, no seu conjunto, 5.200 pessoas e envolvendo 1.400 voluntários. Para espanto de muitos, o “Queres ser voluntário por um dia?” foi um dos finalistas de 2016, mas não chegou aos três primeiros lugares. Mesmo assim, «foi o reconhecimento do nosso trabalho e, de certo modo, veio dar um pouco de mais visibilidade a esta iniciativa», reconhece Daniele Vidal, enquanto Cristina Rosa acrescenta que os vencedores, além de terem merecido, eram projetos de grande dimensão e «nós não temos capacidade para chegar lá».
Estudantes IPG
Para além do “Queres ser voluntário por um dia?”, direcionado para IPSS da região, o IPG promove ainda a “Ação Solidária”. O objetivo desta iniciativa é angariar verbas para ajudar os estudantes do instituto com mais dificuldades. «Temos muitos alunos internacionais que vêm dos seus países com muitas carências e é muito complicado para eles chegarem aqui e adquirirem certo tipo de bens essenciais», exemplificou Cristina Rosa. A última edição decorreu de 28 de novembro a 13 de janeiro e envolveu cerca de 32 alunos voluntários. Através da venda de rifas, os participantes conseguiram reunir 783 euros, mais cobertores, casacos e calçado de Inverno, que foram cedidos durante a campanha.
Sara Guterres