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Em 2017, sejamos mais exigentes

Opinião – O que esperar de 2017

Com o aproximar das eleições autárquicas, revisitamos a eterna tática de pretendentes aos postos. Não às funções, das quais, nem o legalmente prescrito muitos desses pretendentes conhecerão. Assim vemos nos que querem manter o cargo e nos que pretendem “conquistar” o cargo um desbobinar de intenções repetidas, replicadas, maquilhadas, mas nunca inéditas. Algumas, porque de tão marteladas se moldaram à ânsia dos munícipes, parecem até corresponder ao desejado por esses munícipes. Contudo, se nos dermos ao trabalho de as desmontar com algum cuidado e sistematização, acabamos por concluir que podem até ser antagónicas desses mesmos desejos.

Senão vejamos, analisar cada proposta eleitoral à luz do interesse dos cidadãos requer muita honestidade, desde logo política, mas também académica e, sobretudo, social. Exercício que, terão de convir, não se conjuga com modelos de campanha assentes em arraiais, entrevistas espartilhadas à medida, ou debates enviesados, normalmente, preenchidos com o ego, mais ou menos fátuo, dos protagonistas. Depois, se à estridência da concertina, sobrepusermos, a estridência de uma proposta, a multidão vai aceitá-la como o resolver de todos os seus problemas. Naquele ambiente, alienatório, qualquer coisa, por mais estapafúrdia, se transverte em verdade absoluta e imprescindível. Depois só há que ir mantendo a patranhice com um post it e…

Considerando, como diz Fernando Savater, que todos somos governantes, só que delegamos noutros, temos a obrigação de escolher, com responsabilidade, alguém capaz. Por isso, antes de todas essas propostas manhosas que se avizinham, proponho eu, cidadã (guardense de sete costados e meio), que façamos, a título de exemplo, um exercício: confirmar se “a deslocalização da estátua do D. Sancho” é mesmo imprescindível para o desenvolvimento da nossa cidade. Se formos muito míopes, acharemos que sim, se formos um bocadinho míopes, acharemos que talvez, se não formos nada míopes, acharemos que, pior que não contribuir, vai é contrariar, porque desvirtua um projeto. Não o projeto de recuperação da Praça, mas o projeto de “recuperação” da Guarda.

Por isso, os meus desejos para 2017 só podem ser os de que os guardenses sejam, fortemente, acometidos por um surto de discernimento e ambição.

Fidélia Pissarra

Professora

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