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Concelhia do PSD demite-se contra recandidatura de Gustavo Duarte em Foz Côa

Secção local tinha proposto Artur Xavier para concorrer à Câmara, mas a escolha, resultante de uma votação, fez estalar a polémica

O PSD tem um problema em Vila Nova de Foz Côa depois da demissão de seis dirigentes da secção local na sequência da polémica da escolha do candidato à Câmara nas próximas autárquicas. Anteontem, Rui Reininho, Carlos Pais, Artur Xavier, José Nuno Barreto, Francisco Gouveia e Rui Maurício não só se demitiram como também anunciaram a desfiliação do PSD, tendo já entregue os respetivos cartões.

É o desfecho da polémica causada no passado dia 13, quando a concelhia deliberou propor o nome do seu presidente, Artur Xavier, para candidato. Numa votação, realizada por voto secreto nessa noite, o dirigente obteve cinco votos, mais dois que o atual presidente da Câmara, Gustavo Duarte. Em consonância, a estrutura local social-democrata comunicou à Distrital que o seu candidato seria Artur Xavier. Mas foi o princípio do fim. A JSD fozcoense foi a primeira a demarcar-se da concelhia, defendendo a recandidatura de Gustavo Duarte – que não presta declarações sobre o assunto. Em comunicado, a comissão política da jota veio a terreiro justificar que o autarca é «o candidato mais natural que o PSD deverá apresentar e apoiar ao próximo ato eleitoral» e também que Gustavo Duarte, que cumpre o segundo mandato, é «o melhor preparado para ganhar as próximas autárquicas em Vila Nova de Foz Côa».

Os jotas pediram, por isso, que a escolha do candidato à Câmara seja concretizada após serem «ouvidos os militantes» em reunião de plenário, conforme referem os estatutos. Em declarações a O INTERIOR, Luís Rebelo confirmou que recebeu a convocatória para a reunião da passada terça-feira por SMS, mas que dela não constava a eleição do candidato do PSD à Câmara. «Se soubesse que era para isso teria ido a Foz Côa [trabalha e reside em Coimbra] e votaria no eng. Gustavo Duarte, cuja obra nos últimos sete anos é bem conhecida e fala por si», afirmou o dirigente, que é também vice-presidente da Distrital da JSD. Veio depois Carlos Peixoto, líder da Distrital, recordar que «há uma regra inquestionável» aprovada pelo conselho nacional do partido, segundo a qual os presidentes de Câmara em funções deverão, «em princípio», ser recandidatos.

Confrontados com estas divergências, aqueles dirigentes decidiram sair de cena não sem antes acusar Gustavo Duarte de «não ouvir, nem respeitar, ninguém» e de nortear a sua gestão municipal pela «política do “quero posso e mando”, manifestando tiques autocráticos que em nada se coadunam com a sã convivência democrática no século XXI». Num comunicado de três páginas, a que O INTERIOR teve acesso, os demissionários adiantam que a concelhia entendeu ter «chegado a hora de dar novo ar a este cenário cinzento, bafiento e de atrofia, onde são sempre os mesmos que sobrevivem à sombra do executivo municipal», candidatando novos quadros nas autárquicas de 2017 para trazer «novas ideias e novas dinâmicas a Foz Côa». Esta conclusão terá resultado da auscultação de «empresários, militantes, ex-autarcas, população, presidentes de associações, lares, cooperativas, entre outros», justificam.

Acusam também a Distrital de ter «desrespeitado» a decisão tomada pela «maioria dos membros da comissão política de Foz Côa» e «desautorizado» os seus dirigentes «ao impor uma ideia que rejeitamos e que consideramos não ser a melhor para Foz Côa». O caso da candidatura autárquica em Vila Nova de Foz Côa foi abordado anteontem à noite, após o fecho desta edição, numa reunião da Comissão Politica Distrital, que terá confirmado a candidatura de Gustavo Duarte.

Luis Martins Gustavo Duarte será candidato a um terceiro mandato em 2017

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