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«Os objetivos devem fazer com que nos sintamos motivados por serem grandes objetivos»

Cara a Cara – Susana Torres

P – Há quanto tempo se dedica ao coaching a tempo inteiro?

R – Eu estive 14 anos na banca e já fazia este trabalho, mas a determinada altura senti que tinha que me dedicar exclusivamente a esta atividade. Então saí da banca há cerca de quatro anos e, a partir dessa altura, foi só coaching.

P – Pode explicar em que consiste o coaching?

R – O coaching é um processo de A para B, em que A é a situação ponto atual, ou seja, a situação em que nos encontramos, e B é a situação desejada, onde gostaríamos de estar. E, portanto, o que o coach faz é analisar o ponto A com o cliente, analisar também o ponto B, aquilo que o cliente gostaria que estivesse a acontecer, e ajudar a traçar esse trajeto de A para B da forma mais rápida e eficaz possível. Isto é, basicamente, aquilo que é o coaching. Mas aquilo que faço na minha profissão não é só isto. O que acabei de explicar na Guarda [na passada sexta-feira] é a base do coaching, a descoberta deste percurso faz-se através de algumas perguntas poderosas que fazemos e do desbloqueio de algumas crenças limitadoras, mas aquilo que faço para além disto é usar técnicas de programação neuro-linguística trabalhando assim a alta performance, onde desenvolvemos várias coisas, nomeadamente a visão periférica, no caso dos atletas.

P – Durante a sessão realizada na Guarda falou muito em objetivos. Qual era o seu objetivo com esta palestra motivacional?

R – O meu objetivo era, em primeiro lugar, passar a experiência e dar a conhecer o trabalho que eu desenvolvo com os futebolistas de alta competição. Falar sobre alguns exemplos onde essa alta performance existiu, nomeadamente nas equipas com que trabalhei, o Vitória de Guimarães, o Sporting de Braga, com o treinador Sérgio Conceição e também algumas experiências com o próprio Éder. E eu acredito que passando estas experiências, em todas elas conseguimos fazer uma analogia entre aquilo que é alta performance no desporto e aquilo que é a nossa alta performance nas empresas e no nosso trabalho. Achei, portanto, que essa informação seria muito importante. Fizemos também algumas dinâmicas que nos alertam um bocadinho para o facto de, às vezes, a nossa atenção estar no sítio errado. A minha intenção foi trazer essas ferramentas para que os participantes possam pensar um bocadinho nelas e aplicar isto tudo no seu dia-a-dia.

P – Qual foi a mensagem fundamental, se é que havia alguma, que pretendeu transmitir com esta palestra?

R – A grande mensagem desta palestra é muito à volta dos objetivos, ou seja, não é só nós termos objetivos. Os objetivos devem fazer com que nos sintamos motivados por serem grandes objetivos. E porque é que nós, muitas vezes, boicotamos esses objetivos? Porque todos nós, nas empresas, temos, normalmente, objetivos, só que pelo percurso boicotamos com certas formas de pensar. E essa foi, portanto, a mensagem que eu quis transmitir. Claro que o sistema de cores que apresentei é mais uma ferramenta para que os profissionais da Remax possam utilizar com os seus clientes, com os seus pares, dentro das suas equipas. É algo que pode facilitar a comunicação entre eles, no sentido de obterem melhores resultados.

P – Sente que há mais procura, mais interesse, por parte das pessoas em descobrir o que é o coaching?

R – O coaching já existe há muitos anos e que noutros países está muito desenvolvido. Todos os clubes da Premier League inglesa têm um “coach” integrado na equipa técnica. Todo o treino mental é algo que preocupa e faz parte do trabalho diário dos atletas, não só no futebol, mas também nos Jogos Olímpicos, por exemplo, temos os “coach” muito presentes. Cá em Portugal não se vê muito. Graças a Deus, esta questão do Euro2016 veio trazer um “boom” de informação à volta disto e toda a gente, de repente, começou a querer saber mais sobre o coaching. Eu acredito que apesar disto já ser algo que existe há muito tempo [em Portugal há cerca de 300 coach certificados] só agora é que as pessoas começaram a olhar para isto com outros olhos porque conseguimos ver algum resultado. Temos o exemplo de um resultado, que é feito no âmbito do desporto, e portanto acredito que daqui para a frente isto tudo mude um bocadinho. As empresas já usam muito o coaching, muitos CEO’s fazem coaching empresarial, que consiste no acompanhamento de empresas, e são coisas que eu acredito que, no futuro, se venham a desenvolver muito mais.

Perfil:

Coach especializada em treino mental no desporto e coaching desportivo

Naturalidade: Lisboa

Idade: 39 anos

Currículo: Licenciada em Gestão Comercial e Contabilidade pela Universidade Fernando Pessoa, PAGB da Universidade Católica e a Formação Avançada de Liderança pela mesma instituição. Possui certificações internacionais na área do Coaching e da PNL, e efetuou parte da sua aprendizagem diretamente com John Grinder, co-criador da PNL. Dedica-se ao coaching de alto desempenho, desenvolvendo a performance de equipas de futebol e atletas de alta competição nas diversas ligas de futebol na Europa. Coautora, com Éder, do livro “Vai correr tudo bem”.

Susana Torres

Sobre o autor

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