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Centro de Estudos Pinharanda Gomes

Anotações

No Sabugal foi assinalado, no passado dia 9 de junho, o quarto aniversário do Centro de Estudos Jesué Pinharanda Gomes. Tratou-se de uma iniciativa, organizada pelo município do Sabugal e Centro Local de Aprendizagem da Universidade Aberta, com o apoio do Centro de Formação de Professores de Guarda-Raia.

Inaugurado em 2012, este espaço cultural integra o vasto espólio bibliográfico de Pinharanda Gomes, bem como condecorações, distinções, ofertas, entre outros pertences, que aquele escritor e investigador doou ao município do Sabugal.

O Centro de Estudos Pinharanda Gomes coloca à disposição, do público e dos investigadores, condições privilegiadas para o conhecimento e investigação da obra e do autor, mas também da Filosofia, História e Antropologia, entre outras áreas de estudo.

É, como escreveu João Bigote Chorão, uma biblioteca «formada, sabe-se lá com que sacrifício, por Pinharanda Gomes, que muito valoriza o património cultural do Sabugal e da região. Um catálogo posto à disposição dos interessados poderá estimular a vinda a estas terras serranas de estudiosos para uma proveitosa consulta. A par do turismo de lazer, há o turismo cultural, indispensável a um país que se quer melhor apetrechado quando se debate numa encruzilhada e tem que optar por um caminho».

Jesué Pinharanda Gomes é, indiscutivelmente, um expoente da nossa cultura. Nascido em Quadrazais (concelho do Sabugal) em 16 de julho de 1939, Pinharanda Gomes tem sido um exemplo invulgar de fidelidade à “mátria”. Como ensaísta e investigador assume ser da Guarda. «Aqui é que contraí o vício da investigação. Na Guarda iniciei a minha atividade como publicista, pois não sou um escolástico, mas sim um publicista. Agora contradizendo um pouco o que lhe disse, na Guarda aconteceu-me um heterónimo. Ele refletia e algo do que escreveu era especulativo, cogitativo. Creio que, em mim, o Paulo Montenegro acabou por me ceder o lugar…», como nos afirmava em entrevista concedida há alguns anos.

Esta profunda ligação à Guarda e à região é facilmente comprovada por muitos dos seus numerosos trabalhos, produto de um labor permanente ao nível da reflexão e da pesquisa. Pinharanda Gomes dizia-nos que procura «interpretar os seres, os factos e as coisas do âmbito cultural, sobretudo do pensamento, mas de modo a preenchê-las com o meu próprio significado»; daí que se considere um «hermeneuta da cultura».

Questionado, então, sobre qual das facetas – historiador, filósofo, crítico literário, ensaísta e conferencistas – mais se enquadrava no seu perfil de homem de cultura, Pinharanda Gomes esclareceu que pelo número de livros e estudos publicados, «cabe-me muito melhor a classificação de historiador da cultura com a tónica na história da Filosofia portuguesa e também na história da Igreja contemporânea, da época moderna. Em síntese, o que poderei dizer, e não é por gostar da palavra – mas porque no fundo é isso que eu procuro ou tenho procurado fazer – sou um hermeneuta da cultura, quer dizer, procuro interpretar os seres, os factos e as coisas do âmbito cultural, sobretudo do pensamento, mas de modo a preenchê-las com o meu próprio significado».

Mas o labor de Jesué Pinharanda Gomes não se tem circunscrito às edições conhecidas; há toda uma atividade que não vem muito a público relacionada com centenas de verbetes que tem escrito para dicionários e enciclopédias.

O Centro existente no Sabugal é, sem dúvida, uma mais-valia para aquele concelho, pelo que representa em termos de salvaguarda de um largo número de livros e documentação pertença de uma personalidade com a dimensão cultural de Pinharanda Gomes.

Por: Hélder Sequeira

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