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Origem da vida: primeiras abordagens

Mitocôndrias e Quasares

Século após século, filósofos, pensadores e homens da ciência interrogaram-se quanto à origem da vida na Terra e elaboraram um sem número de teorias que tentavam desvendar esses mistérios. Com o decorrer do tempo foi-se passando, de forma gradual, das explicações mitológicas às pesquisas racionais e, por fim, científicas.

Uma das primeiras tentativas para obter explicações para a origem da vida foi a ideia de geração espontânea, que defende que, a partir de elementos simples, de matérias-primas que se combinavam de diversas formas e por diferentes motivos, a vida se gerava espontaneamente das combinações de quatro elementos: a água, a terra, o ar e o fogo.

Esta explicação era a mais aceite desde a Antiguidade e praticamente todos os filósofos gregos elaboraram alguma explicação sobre a origem da vida a partir de alguma ou de várias dessas matérias-primas. Os filósofos deram um primeiro passo importante ao falar de matérias-primas a partir das quais, de forma espontânea, se gerava a vida no planeta. Eles descobriram que o meio constitui uma realidade diferente que se encontra em contínua e perpétua transformação.

Foi um conjunto de observações e descobertas dos filósofos que serviu de ponto de partida para a teoria de Aristóteles sobre a origem da vida. Os primeiros filósofos a exporem a interação e combinação destes elementos fundamentais para dar início à vida foram os chamados filósofos pré-socráticos. Deste grupo faziam parte:

– Tales de Mileto (624-548 a.C.) defendia que a matéria básica do universo – arché – era a água, princípio de vida e o elemento originário que se encontra em todos os seres naturais.

– Anaximandro (610-546 a.C.) considerava que o arché era um princípio eterno de carácter imaterial, indefinido, abstrato, chamado apeiron – o indeterminado. Anaximandro sustentou, séculos antes de a teoria da evolução ser finalmente defendida, que a vida deve ter começado na água.

– Anaxágoras (500-428 a.C.) propunha um arché de tipo espiritual, o nous ou razão, que domina a natureza e é composto por ínfimas partículas elementares (homeomerias). No princípio estas encontravam-se dispersas, numa mistura caótica, até serem ordenadas pelo nous, ou inteligência ordenadora, que incutiu na matéria caótica e eterna um movimento de redemoinho, formando o cosmos.

– Demócrito (460-370 a.C.) defendia que a natureza é formada por um número infinito de elementos ínfimos e indivisíveis, chamados átomos, que constituem o arché e que se deslocam eternamente no vazio, a partir dos quais foi originada a vida.

– Empédocles (495/490-435/430 a.C.) pensava que o arché era constituído pelos quatro elementos básicos: terra, água, ar e fogo.

– Heráclito de Éfeso (544-484 a.C.) considerava que o arché era o fogo. O Universo é fogo eterno que, conforme determinada medida e proporção, acende e apaga. Esta medida era o logos, ou explicação racional, com o qual a ordem e a harmonia do cosmos se manifestam.

Todos estes filósofos foram uma grande inspiração para as teorias de Aristóteles.

Por: António Costa

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