Estes últimos meses têm sido bastante interessantes no que diz respeito às ciências espaciais. Depois de uma sonda ter chegado a Plutão, da Philae ter despertado da hibernação a que esteve sujeita vários meses, terminámos o mês de julho com um fenómeno pouco habitual – uma Lua azul. Apesar desta designação, a Lua não apresenta uma cor azul, como mais tarde iremos perceber, mas antes olhemos um pouco com mais atenção este satélite natural.
A Lua é o quinto maior satélite do sistema solar, com um diâmetro considerável em comparação com a Terra. De facto, há mesmo quem considere que a Lua e a Terra formam um sistema planetário binário. Ao contrário da Terra, a Lua é estéril e não tem atmosfera; é um verdadeiro fóssil em órbita. Quase com toda a certeza que nunca ali existiu água líquida, de maneira que as únicas forças que contribuíram para a sua história geológica foram a queda de alguns meteoritos e alguns episódios de atividade vulcânica – embora este último tenha acontecido há milhões de anos atrás, quando o sistema solar ainda estava na sua juventude.
O interior da Lua não é muito bem conhecido, mas os cientistas têm feito o possível para compreender a sua estrutura a partir dos dados obtidos pelos sismógrafos colocados pelas missões Apollo. Estes revelam que os sismos ocorrem a uma profundidade de cerca de 800 quilómetros. No entanto, são tão fracos que não seriam sensíveis para uma pessoa que se encontrasse à superfície do nosso satélite.
Quanto à sua superfície, e mesmo num olhar apressado, é fácil aí distinguir duas regiões diferentes – uma mais escura e outra mais clara que, em conjunto, criam um padrão visual que muitos identificam com a imagem do “homem na Lua”. Como é evidente, o homem é uma ilusão, mas o padrão claro-escuro não é. As áreas brilhantes são conhecidas como “Terras Altas”. As zonas escuras são as Maria (Mare no singular), que em latim significa mares. Não se trata de mares semelhantes aos que conhecemos; são antes vastas planícies de lava que, há milhões de anos, escorreram à superfície e solidificaram. São lisas porque submergiram um grande número de crateras e desde então sofreram poucos impactos de meteoritos.
Mas se existem estas zonas claras-escuras, qual o motivo do nome Lua azul? Antes de mais, expliquemos o que é uma Lua azul. Este nome é atribuído ao fenómeno raríssimo de um ciclo lunar, com duração de vinte e nove dias e meio, ocorrer por completo dentro de um mês, o que possibilita o aparecimento de duas luas cheias no mesmo mês. Se olharmos para o mês passado, verificamos que a primeira lua cheia ocorreu no dia 2 e a segunda no dia 31. O último mês em que se verificou este fenómeno foi em agosto de 2012.
A alegada origem desta designação conta-se em poucas palavras. No século XVI, alguns indivíduos afirmaram que a lua a olho nu era azul. Contudo, e após vários anos de discussão acerca desta temática, percebeu-se que era absurdo a lua ser azul, o que gerou um novo conceito para lua azul como significado de “nunca”. Como esse significado de muito raro, começou a dizer-se que a segunda lua cheia de um mês era uma “lua azul”. Apesar de ser uma designação enganadora fiquemos a aguardar pelo final de 2018 para observar um fenómeno semelhante.
Por: António Costa