Uma verdade complexa é a dos espaços de vazio de poder. Um líder não nasce do vazio e carece de ensino, treino e definição de funções. Quando uma geração está a chegar ao fim devia planificar, preparar a chegada dos seus substitutos, concentrar-se na organização do amanhã para não haver vazios de poder nem falhas na gestão. Além disto é de bom-tom que se comecem a afastar e a delegar funções, preparar o comando dos que propõem para depois deles. Ver cirurgiões de mais de 65 anos a ocupar o bloco sem ser para ensino e ajuda de outros é quase um dislate do futuro. Perceber que alguns vão sair sem ter ensinado nada, sem ter preocupações de delegação de competências, saberes e habilidades é um desastre de anos para o futuro. Infelizmente, tudo isto pode estar a acontecer nos CHUC, onde a maior parte das pessoas em funções de gestão têm entre 65 e 79 anos. Não os vejo preparar o futuro, não os vejo sair da ribalta, não os vejo preocupados em organizar com base na geração seguinte. Não vi nenhuma reunião de planificação para precaver a ausência de poder. Não os vi chamar ninguém para decidir as opções estratégicas. Claro que, se decidirem sem ouvir, tudo o que constroem agora corre o risco do apagamento depois. A planificação não pode ser uma construção intelectual nórdica. Há com certeza quem saiba antever o futuro nestas casas. Ouvir os protagonistas e saber sair no tempo certo deixando caminho é fundamental à qualidade e às instituições. Infelizmente a maior parte desta gente gosta mais do umbigo que da casa onde trabalha. Muitos preferem mais a sua “quinta” que a Instituição que lhes deu cultura e ciência.
Por: Diogo Cabrita