Arquivo

«Vencer a camisola da Juventude superou todas as expetativas»

Cara a Cara – David Rodrigues

P – Vencer a camisola da Juventude na Volta a Portugal em bicicleta superou as suas melhores expetativas?

R- Sem dúvida alguma que superou todas as expetativas. Não estava a contar alcançar esse feito. Contudo, é sempre um sonho que acabou por se tornar realidade e quando, a determinada altura no decorrer da Volta, me apercebi que poderia lutar por esse sonho e alcançar esse resultado lutei por ele e acabei por conseguir e sair feliz.

P – O 19º lugar da geral deixa-o satisfeito?

R – Sim. O principal objetivo era acabar a Volta. Claro que sempre disse para comigo que acabar nos 20 primeiros seria uma vitória e acabei por, de certa forma, sair vencedor da Volta.

P – Consegue eleger o melhor e o pior momento da sua participação?

R – O pior momento foi, sem dúvida, no contrarrelógio de sábado. Estava a sentir-me bastante bem, já tinha um tempo suficiente para poder vencer a camisola branca e tive um contratempo que foi uma avaria na bicicleta que quase deitou tudo a perder, mas mesmo assim lutei sempre e acreditei. Contudo, cheguei ao final do contrarrelógio e pensava que tinha perdido. Esse foi o meu pior momento. Já o melhor acho que foi subir a Senhora da Graça. Não vou dizer que foi a subida da Serra da Estrela, que é a minha serra, mas, na Senhora da Graça, o facto de serem menos quilómetros e de ter havido maior afluência de público acabou por transmitir ainda mais emoção à chegada. Além disso, o facto de ter estado até aos últimos dois quilómetros com o grupo da frente proporcionou-me uma sensação única.

P – Acredita que o seu desempenho pode fazer com que consiga concretizar o objetivo de ser contratado por uma equipa profissional?

R – Sim. Já fui abordado por uma ou duas equipas portuguesas para poder ter um futuro. À partida, neste momento, tudo me indica que vou conseguir subir a profissional, mas a situação económica do país pode fazer com que hoje seja de uma forma e amanhã de outra. No entanto, acho que consegui uma boa rampa de lançamento na Volta para este ano dar o salto e subir a profissional.

P – Esses contactos foram feitos já depois da Volta terminar?

R – Fui abordado por algumas equipas ainda durante a Volta. Entretanto, continuo a receber alguns contactos. A época ainda não terminou mas penso que este vai ser mesmo o ano em que vou subir a profissional e vou poder dedicar-me quase a 100 por cento à modalidade.

P – Quais as competições que se seguem esta época?

R – Certamente que vou participar agora em corridas que nós, na gíria, chamamos de circuitos. São quase memoriais, as chamadas clássicas do ciclismo. A grande competição em que vou estar presente ainda este ano será a Volta à Galiza, com quatro dias e que começa a 19 de setembro, onde vou competir pela Liberty Seguros.

P – Concretizado o objetivo e o sonho de participar na Volta, quais os próximos desafios para a sua carreira?

R – Para já, o desafio é subir a profissional e depois, dependendo também do calendário que a equipa me apresente, acho que ainda vou ter algum tempo para gerir. Mas claro que se consegui bons resultados este ano na Volta espero um dia poder alcançar ainda algo melhor.

P – Espera repetir a experiência de competir na Volta no próximo ano?

R – O meu sonho era sair para uma equipa profissional estrangeira, mas na Europa. Acho que isso me daria melhores condições em termos de evolução como ciclista. Mas na eventualidade de não conseguir esse tipo de contrato, a Volta a Portugal é uma grande prova e espero poder fazer mais algumas daqui para a frente.

P – Entre os convites que recebeu teve algum de equipas estrangeiras?

R – Surgiu também o interesse de uma equipa estrangeira, do Luxembrugo. Contudo, agora terei que me guiar também um bocadinho pelas condições que me serão propostas e tentar perceber o que será melhor para mim. Não é propriamente fácil abdicar de uma vida – sou fisioterapeuta – e lutar por um sonho. Também é preciso ter os pés bem assentes na terra e agora é uma questão de perceber o que será melhor para mim.

David Rodrigues

Sobre o autor

Leave a Reply