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Homem esteve barricado mais de 24 horas na Guarda

Antigo funcionário do pavilhão de S. Miguel estava armado e arremessou para a rua «todo o recheio» do apartamento onde vive

Os moradores do número 15 da Rua General Pinto Monteiro, na Guarda, tiveram uma noite bastante agitada no passado dia 28. Paulo Neves, residente no 3º Direito do prédio localizado perto do centro comercial Vivaci, começou a provocar distúrbios no seu apartamento por volta das 20 horas e durante a madrugada atirou vários objetos e papéis para a rua que danificaram uma dezena de viaturas. Só às 19h30 do dia seguinte é que o homem de 62 anos, que sofrerá de problemas psiquiátricos, foi detido por elementos do Grupo de Operações Especiais (GOE) da PSP, que encontraram duas armas na residência.

Um dos vizinhos explicou a O INTERIOR que começou «a ouvir barulhos de arrastamento de móveis» por volta das 20 horas de terça-feira e cerca de três horas depois ouviu ruídos ainda mais intensos. «Parecia que iam deitar a casa abaixo e as minhas paredes estavam todas a abanar», contou Jorge Cabral. Por volta da uma da manhã, Paulo Neves começou a mandar «objetos de todo o tipo» para a rua, como móveis, a grade da varanda, uma televisão, uma impressora, muitos papéis e «até bocados de cimento», acrescentou o morador. Os objetos continuaram a cair e a ouvir-se gritos e pancadas fortes até às duas da manhã. De acordo com este residente, dois agentes da PSP chegaram ao prédio cerca das 23h30 «mas não passaram do segundo piso», até que às 10 horas de quarta-feira o edifício foi evacuado e os residentes só puderam voltar para os respetivos apartamentos depois das 20 horas, o que motivou o seu descontentamento.

Jorge Cabral salientou ter passado «uma noite horrível» e que não dormiu «nada», acrescentando que o relacionamento com o vizinho era «pacífico», embora «não haja uma grande convivência». Na altura dos distúrbios, Paulo Neves estava sozinho em casa, mas, de acordo com o vizinho, mora com a esposa com quem passará «muitas temporadas em Lisboa». No dia seguinte ao incidente, que obrigou ao estabelecimento de um perímetro de segurança e à interdição daquela zona, o Comando Distrital da PSP emitiu um comunicado onde explicou que, «no cumprimento de ordem judicial», elementos pertencentes ao GOE efetuaram a entrada no apartamento onde estava barricado «desde as 18h30» da véspera um indivíduo de 62 anos. De acordo com a PSP, durante o período em que esteve barricado, Paulo Neves «arremessou todo o recheio do apartamento, danificando 10 viaturas e pondo em causa a segurança e a livre circulação de pessoas e bens na artéria e nos edifícios adjacentes». Segundo o comunicado, «após diversas tentativas de diálogo que resultaram infrutíferas e mantendo-se o elevado risco para as pessoas e bens, o indivíduo foi capturado e conduzido ao Hospital Sousa Martins, onde foi entregue pelas 19h45 no Departamento de Psiquiatria».

A Polícia confirmou ainda que no decorrer da busca efetuada no apartamento foram encontradas uma espingarda de caça e uma arma de alarme transformada e respetivas munições. Paulo Neves foi funcionário da Câmara da Guarda até ao ano passado e trabalhou vários anos no pavilhão municipal de S. Miguel. De resto, o município providenciou alojamento para a sua esposa numa pensão da cidade na noite de quarta-feira, pois o apartamento estava «completamente destruído e sem condições para a senhora lá pernoitar», explicou a O INTERIOR Ana Isabel Baptista, vereadora com o pelouro da Ação Social.

Ricardo Cordeiro Os elementos do Grupo de Operações Especiais (GOE) da PSP encontraram duas armas na residência do indivíduo de 62 anos

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