“As regiões de fronteira vêm conhecendo uma trajetória de desenvolvimento complexo em resultado da conjugação de diferentes sistemas de organização territorial, políticas públicas e lógicas de funcionamento económico e social”.
A afirmação é do Vice-Presidente do IPG, Gonçalo Fernandes, e foi proferida no decorrer das II Jornadas Técnicas de Turismo de Fronteira, realizadas na Guarda a 12 e 13 de Setembro.
No decorrer da sua comunicação, subordinada ao tema “Significado e Perceção do turismo nas regiões de fronteira. Recursos ecoculturais e estratégias de valorização territorial na raia/raya”, Gonçalo Fernandes considerou que estas regiões “são percecionadas como territórios de passagem, afastando-se de espaço destino para práticas turísticas ou para atividade de lazer” mas, explicitou, “detêm um património construído e natural, que potencia novas lógicas de posicionamento para o turismo”.
Para Gonçalo Fernandes, cada fronteira “carrega imaginários próprios, que só serão plenamente entendidos se conhecermos os elementos que estruturam o seu território e promoveram a sua identidade.” Pelo que, acrescentou, nestes lugares a perceção de região local e região internacional “tende a confundir-se, perdendo-se o valor e potencial que carrega, construída de forma complexa e por vezes enigmática.”
O Vice-Presidente do IPG defendeu que “a raia é espaço de trocas, de hibridismos culturais, de resiliência e de conflitos, onde diferentes quadros fiscais, lógicas de governação, políticas patrimoniais tendem a criar impedimentos, descurando o potencial dos fluxos das regiões internacionais”.
Gonçalo Fernandes afirmaria ainda, no decorrer da sua comunicação, que a fronteira do centro de Portugal com Salamanca e Extremadura “conjuga recursos ecoculturais de grande valor, que devem ser conjugados de forma complementar numa visão territorial integrada, reforçando um mercado mais amplo e conjugando produtos que pelas diferenças e proximidade permitam construir um produto turístico compósito”.
Promover o desenvolvimento de instrumentos de gestão territorial comuns, que possam fortalecer a articulação entre espaços, comunidades e funções existentes; aproveitar a rede qualificada de equipamentos sociais, culturais e desportivos, com potencial de uso pelo turismo foram duas das propostas evidenciadas na sua intervenção.