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A escolha

O acórdão que condena Graça Moura – o maestro – é muito interessantes pela análise do personagem, mais que pela análise dos delitos, que para aqui não contam. A juíza que proferiu a sentença estava especialmente incomodada com a personalidade, com o ego, com a postura de impunidade e sobranceria em relação à lei que o réu demonstrara. De facto, o réu não terá tido nenhum arrependimento e achou sempre que tudo o que fizera estava bem feito. Não conheço o homem e nunca vi uma atuação do maestro, pelo que tudo o que adiante se escreve é fora da análise da pessoa singular. Um ego maior que a lei é uma característica de muitos tiranetes e de muitas pessoas a quem permitimos um cargo/um exercício de poder. Aparentemente, é vulgar em todas as áreas a gestão por gritos e por decisões em benefício próprio. Recordo frases como “a lei é estúpida”, “a lei não é para cumprir” a muitos títeres e outros cabotinos que pela vida fora tive de enfrentar. Eram especialistas em mentiras, em semiverdades, em decisões dúbias e, sobretudo, escolhiam invariavelmente a melhor fatia e o melhor quinhão. Os grandes egos são incapazes de autocrítica, são impenetráveis a correções. Este mal varre o poder intermédio português e vai das universidades à medicina, do poder local à diversão noturna, dos tribunais à escola de condução. A cultura, o conhecimento da liberdade e os valores humanos estão normalmente na lógica dos antípodas destes tiranos. Por essa razão se optaria por concursos públicos nas escolhas de quem manda. Por essa razão um critério devia ser a da exposição pública antes da escolha, não só aos pares, mas aos vizinhos e aos trabalhadores da instituição em geral.

– Alguém se opõe a esta escolha?, esclareça porquê no formulário ao dispor e de modo anónimo se o entender!

Depois, aqueles que detêm o direito da escolha devem saber ouvir, filtrar, investigar, usar do direito de recusa ou de afirmação para impedir a chegada de má gente ao poder. Nem mais um agressor de família, nem mais um esbanjador de dinheiro público, nem mais um chupista.

Por: Diogo Cabrita

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