A Junta de freguesia de Aldeia Viçosa, no concelho da Guarda, concessionou a exploração da praia fluvial a uma associação de desenvolvimento turístico recém-criada dirigida pelo próprio presidente da junta, Baltazar Lopes, e que tem nos corpos sociais outros membros da autarquia.
A cedência é válida para os próximos dez anos e inclui uma cláusula de indemnização que será ativada no caso dos futuros autarcas de Aldeia Viçosa virem a requerer a revogação do vínculo. Em declarações à Rádio Altitude, Baltazar Lopes, que cumpre o último mandato à frente da Junta, diz que a decisão foi tomada «em nome dos interesses da freguesia». O autarca argumenta que, perante a possível extinção decorrente da reforma administrativa, «se eventualmente integrassem Aldeia Viçosa noutra freguesia, a praia fluvial seria compartilhada com outras localidades e deixávamos de ter a benesse de entradas gratuitas e de usufruir do espaço como nosso». Quanto ao facto dos dirigentes da Junta e da nova associação serem os mesmos, o autarca e presidente da coletividade justifica dizendo serem «as pessoas que dão sempre a cara por Aldeia Viçosa».
A Câmara da Guarda, que suportou grande parte dos investimentos realizados nos últimos anos na praia fluvial, não tem conhecimento deste acordo, e Joaquim Valente disse mesmo aos jornalistas, à margem da última reunião do executivo, que manifesta «reservas» em relação à legalidade do processo. O INTERIOR tentou, sem sucesso, falar com Baltazar Lopes até ao fecho desta edição, pelo que não foi possível saber se a concessão foi antecedida de um concurso público e quais as contrapartidas que a dita associação terá que prestar à Junta.
