Os aficionados despediram-se este ano da capeia “arraiana” com uma intensa e emotiva corrida em Aldeia Velha, no concelho do Sabugal. O curro de touros preparado pelo ganadeiro Zé Nói revelou-se encastado e cheio de força no forcão, para gáudio do muito público presente e dos tradicionalistas.
Além deste pormenor de grande importância e do facto de ser a última da época, a capeia de Aldeia Velha tinha mais um ingrediente para ser um êxito. Aconteceu no passado sábado, pelo que o público acorreu em massa para se despedir da tradicional lide com forcão que tanto apaixona os sabugalenses e os seus emigrantes. O dia começou com um encerro rápido e perigoso por caminhos rurais e ruas da aldeia até ao largo principal, sempre com muitos cavaleiros, corredores e as dispensáveis motos. E a tragédia quase aconteceu uns metros antes da praça quando um cavalo escorregou e atirou ao chão o seu cavaleiro, que, ao levantar-se, acabou por ser colhido por um touro. A perfuração causada pela aste gerou alguma preocupação, mas o homem foi estabilizado no local pelos voluntários do Soito e encaminhado rapidamente para o Hospital Sousa Martins, onde ainda se encontra com algumas costelas partidas.
O acidente marcou o final da manhã e, à tarde, já era só uma má recordação – tanto mais que as notícias do hospital eram favoráveis. Num cenário apinhado, o espetáculo começou com o imponente touro dos mordomos – dois jovens –, que depressa desistiu do forcão. Já o segundo, de astes curtas, revelou-se uma surpresa ao investir por várias vezes até se cansar e desgastar os homens que carregaram a estrutura triangular de madeira. O resultado desse intenso confronto foi uma galha partida. Igualmente encorpado, o terceiro da tarde não se ficou atrás e correspondeu ao chamamento do forcão, carregando com intensidade e fazendo rodar o conjunto num “bailado” periclitante a que um deslize poderia pôr perigosamente fim. A cena repetiu-se nos quatro touros seguintes, um dos quais ainda feriu numa perna, sem gravidade, um espetador mais afoito e confiante. Mas a tradição saiu empolgada desta tarde de emoções fortes, que terminou com o habitual “desencerro”.