O Conselho de Administração (CA) da empresa municipal Sabugal+ acabou mesmo por cair, pouco mais de um mês depois dos vereadores da oposição na Câmara terem pedido a sua destituição. O elenco diretivo, liderado pela vice-presidente da autarquia Delfina Leal, foi deposto na reunião do executivo da passada quarta-feira pelos vereadores socialistas Francisco Vaz e Roberto Lavrador (em substituição de Sandra Fortuna, que suspendeu o mandato) e pelo independente Joaquim Ricardo, na sequência da não aprovação do relatório e contas de 2011 e de uma «gestão negativa e lesiva dos interesses do concelho».
Como está em minoria no executivo, o presidente da Câmara, eleito pelo PSD, não conseguiu evitar a queda do CA, uma situação que «já esperava, apesar de sempre ter manifestado confiança» nos elementos que geriam a empresa, refere. António Robalo aponta o dedo à oposição, que acusa de «tomar o caminho mais rápido para a liquidação da empresa e para que se enterre de vez». O edil avisa que com esta decisão «poderão perder-se postos de trabalho» e queixa-se da «instabilidade permanente» vivida na empresa e na autarquia desde as últimas autárquicas – que ganhou com maioria relativa –, sublinhando que a situação «compromete a implementação de projetos e a tomada de decisões». António Robalo diz mesmo que a Sabugal+ é «a empresa municipal mais instável do distrito» devido à «falta de ética e de moral» dos eleitos da oposição, mas sobretudo aos «artifícios e artimanhas que promovem com o único propósito de criar essa instabilidade».
Na sua opinião, «a Câmara devia ser um espaço de discussão e não um local de desentendimentos e onde se criam problemas em vez de se promover a sua resolução». E recorda que, «neste momento, quando todos devíamos estar contra a intenção do Governo de encerrar as empresas municipais, há quem queira que a nossa acabe mais cedo», numa indireta à oposição, que acusa de ter decidido «de ânimo leve» a destituição do CA da Sabugal+. «Foi uma decisão de paus mandados facilmente manipuláveis por forças externas. Deve-se ter cuidado quando se formam listas para as autarquias», acrescenta. Quanto ao futuro, o autarca desafia os vereadores do PS e independente a apresentar um novo CA «não remunerado, tal como o anterior»
Presidente recusa nomear nova administração, oposição também
«Eu não nomeio ninguém, porque sinto que não tenho condições para o fazer», considera, lembrando que «já lá esteve o presidente e não serviu, agora a vice-presidente também não serve, pelo que vou aguardar serenamente por sugestões da oposição», desafia António Robalo. No entanto, o socialista Francisco Vaz aconselha o edil «a fazer uma retrospetiva», lembrando que o primeiro CA, decidido em conjunto e com um elemento do PS, «não durou mais de um mês, acabando destituído por imposição do presidente». No entanto, o vereador garante que o PS está «sempre disponível para colaborar e encontrar uma solução» para o novo CA, mas sempre vai avisando o presidente do município para «não esperar que o PS se chegue à frente» na nomeação. «Se antes não servimos, agora também não. Essa decisão compete a quem manda, é uma responsabilidade do presidente», alega Francisco Vaz.
O socialista rejeita ainda a acusação de que a oposição está a contribuir para o fim da Sabugal+, sustentando que a situação «não compromete» a empresa municipal. «Apresentámos simplesmente um voto de desconfiança relativamente ao CA e pedimos a sua responsabilização através da destituição», esclarece o vereador, garantindo que «se daqui resultasse o encerramento da empresa – que pode suceder por decisão governamental –, teria mudado a minha opinião e o sentido de voto». Este é o quarto Conselho de Administração da Sabugal+ a cair em três anos. Enquanto não for nomeada uma nova direção, a atual vai manter-se em funções, mas sujeita às regras de gestão corrente.
Fábio Gomes