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Nunca é tarde para aprender a voar

Gouveense Manuel Azevedo tem 79 anos e há 10 que pratica parapente na Serra da Estrela

Manuel Azevedo ganhou uma «vida nova» desde que começou a praticar parapente já lá vão dez anos. Desde então que este “jovem” de 79 anos, residente em Gouveia há mais de 60, voa regularmente e garante que não pensa em parar, apesar do instrutor já lhe ter dito que só o ia «“aturar”» até aos 80. «Mas não são os meus, são os dele», brinca este ribatejano.

Manuel Azevedo nasceu em 1933 na Chamusca, mas desde jovem que veio para Gouveia. A paixão pelo parapente surgiu «inesperadamente» quando um dia, já reformado, decidiu ir até Linhares da Beira para se fazer sócio do Inatel. «Cheguei lá e disseram-me que não tratavam disso, que tinha que ir à Guarda. Eu perguntei o que faziam ali e a resposta foi um inesperado “aqui voamos de parapente”», recorda, adiantando que quis logo experimentar nesse dia. O “voo de batismo” aconteceu pouco depois, «correu tudo bem, não foram preciso fraldas nem nada», graceja. Agradado com o primeiro voo, o piloto de 79 anos quis aprender mais, mas ficou desanimado quando lhe disseram que os cursos eram para praticantes dos 17 aos 55 anos. «Já estou queimado outra vez, mas lá me deram os papéis para fazer os exames médicos, que fiz contente da vida. Como o médico disse que estava tudo impecável, entreguei os papéis e não puderam dizer que não», relata este gouveense adotivo.

Manuel Azevedo começou então a estudar aeronáutica e a acumular aulas «teóricas e práticas», até que lhe deram autorização para adquirir o material de voo e «cá ando a fazer uma coisa de que gosto cada vez mais», diz bem disposto, garantindo que há-de continuar enquanto se sentir bem, já que a idade «não me interessa nada». Tanto assim que o “jovem” lembra que «há dois ou três anos» o instrutor Vítor Baía lhe disse que só o «ia aturar até aos 80 anos, mas não são os meus, são os dele, e Deus o livre que me diga alguma coisa», atira, rindo a bom rir. «Adoro isto, para mim foi uma vida nova e penso que todas as pessoas gostam», afirma, indicando que é reformado e não tem recursos «para andar por aqui e por ali», por isso espera que os instrutores lhe concedam «sempre aquele voozinho habitual para eu andar em segurança».

Por seu turno, Vítor Baía conta que Manuel Azevedo «continua regularmente a voar» com os elementos do Clube de Voo Livre Vertical: «Faz voo enquadrado. Pomos-lhe o rádio, aceitou o “jogo” de que só vai voar quando eu lhe enviar a sms de que aquele é o dia correto e vai sem pressas de fazer muitos voos por dia. Mas mantém uma atividade regular, tem uma moto-quatro e lá vai ele com a sua asa às costas. Espero que continue a fazer parte da nossa “família” por muito tempo», sublinha o instrutor, antigo selecionador nacional de parapente.

Ricardo Cordeiro Manuel Azevedo garante que vai continuar a voar enquanto se sentir bem

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