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Ana Manso nomeia marido e amigo

Ministro exigiu demissão de Francisco Manso do cargo de auditor interno, mas João Bandurra já está a trabalhar como assessor jurídico da administração

Francisco Manso não foi a única contrariedade de Ana Manso nas últimas semanas na Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda. Também a nomeação do advogado João Bandurra foi chumbada pelo Conselho de Administração (CA) cujos elementos a consideraram ilegal, apurou O INTERIOR. Contudo, o jurista já está a trabalhar como assessor da administração e deverá celebrar brevemente um contrato de prestação de serviços.

João Bandurra é amigo pessoal da atual presidente do CA e um dos seus indefetíveis apoiantes no PSD, tendo sido vereador com Ana Manso na Câmara da Guarda no mandato anterior. Estes dois casos estão a abalar o estado de graça da social-democrata, valendo-lhe inclusive duras críticas no seio do PSD local. A polémica mais tonitruante durou 48 horas, o tempo necessário para a responsável nomear e demitir o seu marido, administrador hospitalar de carreira, do cargo de auditor interno da ULS. A decisão tinha sido tomada por despacho do CA na passada quarta-feira e divulgada no dia seguinte, numa circular informativa, onde se justificava que a escolha de Francisco Manso obedecia ao artº 17º dos Estatutos da ULS e ao artº 19º do respetivo Regulamento Interno. Contudo, ninguém percebeu por que a presidente do CA escolheu o marido para auditar as contas da entidade a que preside.

A única reação da ULS surgiu num comunicado onde se invocam os mais de 30 anos de experiência profissional do nomeado, transferido da ULS de Castelo Branco em janeiro,

e se justifica que a sua escolha terá ocorrido «colegialmente» e não teria «quaisquer custos para a instituição, uma vez que as funções não são remuneradas». Por outro lado, o CA sublinhava que «tinha de lhe atribuir funções, estas ou outras». Entretanto, já os deputados socialistas na Assembleia da República Paulo Campos, António Serrano e André Figueiredo tinham questionado o Ministério da Saúde sobre esta nomeação, que classificaram de procedimento «tão insólito e tão criticável do ponto de vista ético e do rigor da gestão pública». O segundo, coordenador do grupo parlamentar do PS para as questões de saúde, considerou mesmo tratar-se de «um verdadeiro escândalo» e «um favorecimento familiar inaceitável».

António Serrano adiantou que cabe ao auditor avaliar «as práticas de boa gestão e elaborar os relatórios que trimestralmente são enviados para o Ministério das Finanças», pelo que disse não entender «como é que alguém com o grau de proximidade que existe entre os dois está em condições de fazer a fiscalização de uma forma independente». Foi quanto bastou para o gabinete de Paulo Macedo entrar em ação e exigir medidas a Ana Manso. A presidente da ULS da Guarda acabou por demitir o marido ao final do dia da passada sexta-feira, após reunir com o ministro. Este recuo foi justificado como sendo a forma de «assegurar todos os critérios de transparência que se exige às instituições e aos dirigentes de cargos públicos». No dia seguinte, em Loures, à margem da inauguração do Hospital Carolina Beatriz Ângelo, o ministro declarou aos jornalistas que esta saída era «o único ato possível» por parte da presidente da ULS da Guarda, mas escusou-se confirmar se a demissão tinha sido uma imposição sua. O que disse é que a nova legislação sobre a composição dos Conselhos de Administração deverá mudar também as regras nas nomeações dos auditores internos.

Luis Martins João Bandurra deverá celebrar brevemente um contrato de prestação de serviços

Comentários dos nossos leitores
hospitaldosamigosedafamilia hospitaldosamigosedafamilia@aproveitate.com
Comentário:
e o barreiros também já lá meteu a filha á frente da farmácia?
 

Ana Manso nomeia marido e amigo

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