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«Para o meu negócio foi bom terem metido as portagens»

Quem tem pequenos negócios espalhados ao longo das estradas nacionais 18 e 16 vê com bons olhos o aumento do tráfego à porta do seu estabelecimento

Nem toda a gente que reside nos muitos concelhos da Beira Interior afetados com a introdução de portagens na A23 e A25 tem razões para estar descontente. É que quem tem pequenos negócios espalhados ao longo das estradas nacionais 18 e 16 vê com bons olhos o aumento do tráfego à porta do seu estabelecimento e aqueles que ainda não registam uma maior afluência de clientes, acreditam que ela poderá chegar no futuro.

É o caso de Manuel Saraiva, proprietário de um café, o primeiro à entrada de Orjais, para quem optar por fazer o percurso entre a Covilhã e a Guarda pela nacional 18. Para já, constata que a estrada tem «muito mais movimento mas no negócio ainda não se notam melhorias, mas com o decorrer do tempo espero que melhore». Poucas centenas de metros à frente, encontra-se o café/restaurante de Jaime Gonçalves que partilha a mesma visão: «Nota-se que há muito mais trânsito, principalmente camiões, mas o negócio continua o mesmo», indica. Dois clientes sentados ao balcão, António Caronho e Rui Bexiga, dizem que o tráfego «faz lembrar antigamente quando não havia auto estrada», queixando-se que os automobilistas ultrapassam «de qualquer maneira e não respeitam as passadeiras». O próximo ponto de paragem foram uma das bombas de abastecimento de combustível do Ginjal, próximo de Belmonte, onde o sub-gerente fala de «alguma melhoria» mas nada que seja um «grande aumento» ainda. Já no trânsito, há «muito mais movimento de carros e de camiões, parece que recuámos até ao tempo em que não havia a A23», sublinha Joaquim Morais. Seguiu-se um café, que também serve refeições, na localidade de Gaia, onde o proprietário se mostrou bastante satisfeito com o negócio nos últimos tempos. «Notei bastantes melhorias, aumentou-se o faturamento em 30 por cento e vamos ganhando novos clientes», frisa Luís Costa, revelando que «passa aqui gente que vem do Alentejo e que vai para Bragança ou que vem do Norte e vai para Castelo Branco», por exemplo. O comerciante reconhece que para o seu negócio «foi bom terem metido as portagens», mostrando-se favorável ao pagamento das mesmas, «mas não pelo preço a que estão». O trânsito aumentou «bastante», tanto que «isto está como estava antes da A23», registando-se alguns «”picos”» em que o acréscimo de circulação é mais notório, nomeadamente «até às 9h30 da manhã, a partir das 16h30/17 horas e até durante a noite se nota». Uns quilómetros mais à frente, num café/restaurante em Santa Cruz, o cenário volta a ser semelhante ao que se registava em Orjais. Mário Ferreira, funcionário do estabelecimento, adianta que «há muito mais trânsito mas no restaurante continuamos com a mesma clientela». Já na parte do bar, sempre «há alguns camionistas que param para comer uma sandes porque não têm tempo para almoçar, mas nada de muito significativo», assegura.

Quanto mais gente passa, mais possibilidades há de se vender

Na EN16 entre a Guarda e o Porto da Carne, o panorama não é muito diferente. Num quiosque de venda de produtos regionais, Ana Maria Almeida confirma que «o movimento de carros e camiões aumentou um bocadinho» e que «há mais gente a parar» para comprar. De resto, constata que «se há mais gente a passar há mais possibilidade de se vender», frisa, indicando que tem tido novos clientes «tanto da zona de Coimbra como do norte». Um pouco mais abaixo na estrada sinuosa encontra-se o restaurante de Rui Pina que considera que o movimento na estrada atualmente é de «talvez três vezes mais» do que era antes das portagens, registando «alguma melhoria» nas vendas no seu estabelecimento. «Já tive clientes que nunca tinha visto por aqui, sobretudo mais pessoas da parte sul, da zona de Castelo Branco, Fundão e Covilhã», havendo também alguns camionistas. De resto, aguarda que o negócio ainda venha a animar mais quando «acabarem as isenções» e também espera que «muito mais gente venha a passar por aqui quando o tempo melhorar porque esta é uma zona aprazível e as pessoas têm mesmo que poupar». Já na freguesia do Porto da Carne, Maria Ascensão, funcionária das bombas de combustível da localidade, diz que se nota «muito mais movimento» desde a introdução de portagens, uma tendência que ainda não tem repercussão na faturação do posto: «Aqui, ainda não é muito notório. Ao longo do tempo esperamos que as pessoas venham a parar cada vez mais», disse, reconhecendo que as portagens «acabam por ser positivas para quem tem negócios nesta zona». Pouco mais à frente encontra-se o restaurante de Messias Beirão que também sustenta que o negócio «melhorou um bocadinho», notando-se «mais gente de fora nos almoços». Os carros na estrada são «muitos mais» e a perspetiva é a de que possam a vir a ser ainda mais: «Esperemos que com o tempo haja mais pessoas a passar por aqui porque têm de fugir às portagens que são muito caras», reforça.

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