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Ano novo começa com velhas discussões

Vice-presidente e vereador da oposição protagonizaram debate “aceso” na primeira reunião de 2012 do executivo da Câmara da Guarda

Não houve assuntos novos na primeira reunião de 2012 do executivo da Câmara da Guarda realizada na última segunda-feira. O número de funcionários do município, bem como a sua situação financeira, foram os principais temas de uma sessão a que faltou o presidente Joaquim Valente e em que o vice-presidente e o vereador da oposição protagonizaram uma troca de palavras num tom mais alto.

O ponto de discórdia principal foi mesmo o número de trabalhadores do município com Rui Quinaz, eleito do PSD, a sustentar que há «disparidade dos números dos funcionários» e que é «muito estranho que o executivo não saiba exatamente quantos funcionários tem a Câmara». «Comprovámos que os números não estão certos», disse, perguntando se, «afinal, houve ou não aumento de trabalhadores». Rui Quinaz considerou que há uma «enorme confusão» e justificou que votaram contra a retificação do mapa de pessoal para 2012 porque se o tivessem aprovado estariam a «dizer que autorizamos que o quadro de pessoal aumente». Pelo lado da maioria, Virgílio Bento sustentou que o que o vereador do PSD «pretende é que a Câmara comece a despedir funcionários, aliás, de acordo com as orientações do seu governo». E acusou Rui Quinaz de ter a «habilidade de confundir tudo. Confunde, mistura, não sabe a distinção entre mobilidade e concurso, conta duas vezes e dá-lhe aqueles números extravagantes e sem qualquer fundamentação».

Nesse sentido, sublinhou aos jornalistas que a Câmara tem 557 funcionários «a tempo indeterminado», o que representa uma «redução de 13 trabalhadores» em relação ao ano anterior. Já nos contratos a termo certo houve «uma redução de 47», passando de 50 para três funcionários. O vice-presidente do município considerou que o social-democrata está a «misturar os números todos e não verificou que no quadro de pessoal para 2012 os únicos lugares para serem providos têm a ver com questões de mobilidade interna e esses são lugares que já estão incluídos no quadro». Assim, garante que «não aumenta encargos» e que até «há uma redução do pessoal». Já no período de antes da ordem do dia, Rui Quinaz voltou a abordar a situação financeira da Câmara, defendendo que é «fundamental» que a autarquia elabore um «verdadeiro plano de contingência».

Isto porque já se esgotaram os 90 dias para a elaboração do estudo de saneamento financeiro encomendado a uma empresa privada. «Entendemos que a maioria tem feito a política da avestruz, que é não reconhecer a verdadeira realidade. Mas é fundamental que se faça um diagnóstico rigoroso da verdadeira situação da Câmara e que se definam objetivos para o futuro», reclamou. Sobre o estudo, acrescentou que «ninguém sabe rigorosamente nada, mas o prazo para a sua elaboração já decorreu». No entanto, Virgílio Bento adiantou que os resultados serão «indicados pelo presidente em tempo oportuno», realçando que, «apesar da redução das transferências da administração central para a local e apesar da redução das licenças e das taxas, a Câmara conseguiu fazer uma redução substancial da sua dívida». De resto, considerou que a perspetiva do vereador da oposição tem sido «a de tentar fazer passar a ideia que a Câmara está em falência técnica e vamos ter oportunidade de discutir esses dados».

Excedentes dos refeitórios municipais dados a famílias carenciadas

Uma proposta que não gerou discussão foi a da gestão dos excedentes dos refeitórios do edifício da Câmara Municipal, do Centro Escolar da Sequeira e do jardim de infância de S. Miguel a famílias carenciadas do concelho. Elsa Fernandes, vereadora da ação social, explicou que a «entrega será feita diariamente» e que o objetivo é «fazer chegar os alimentos a quem mais precisa» nesta altura de dificuldades económicas. A vereadora adiantou que estão referenciadas 20 famílias para usufruírem do auxílio, embora tenha frisado que o número de pessoas a ajudar diariamente poderá ser variável, tendo em conta que a gestão dos excedentes alimentares «depende das sobras» que houver em cada dia. A responsável realçou que as famílias a apoiar irão receber indicações «diariamente sobre a disponibilidade da refeição», sendo que os alimentos serão levantados diretamente pelos beneficiados nos refeitórios, no final das refeições, ou entregues ao domicílio pelos serviços da autarquia, caso não o possam fazer.

Ricardo Cordeiro O número de funcionários do município, bem como a sua situação financeira, foram os principais temas da sessão

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