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Buckminsterfulereno

Mitocôndrias e Quasares

Este nome praticamente impronunciável é um aglomerado esférico de 60 carbonos dispostos segundo uma série de anéis de 5 e 6 membros, com a forma de uma bola de futebol. Devido à sua organização tridimensional, às suas ligações insaturadas e à sua estrutura eletrónica, os Buckminsterfulerenos apresentam propriedades físicas e químicas únicas, que podem ser exploradas em várias áreas, como por exemplo, na bioquímica e da medicina. Este nome “Buckminsterfulereno”, pouco usual para um composto, baseou-se no nome do arquitecto americano Buckminster Fluir, que desenhou estruturas com uma forma semelhante, para cúpulas geodésicas.

O Buckminsterfulereno, frequentemente chamado “futeboleno”, é um alótropo (diferentes formas em que o mesmo elemento químico se pode apresentar) do carbono.

Até à sua descoberta, na Universidade de Rice em 1985, apenas se conheciam duas formas alotrópicas do carbono: a grafite e o diamante.

Uma das propriedades mais surpreendentes do Buckminsterfulereno é ser rijo e elástico. Pode ser acelerado a 23 000 km/h contra uma superfície de aço sem se danificar. Este mesmo composto de pode ser comprimido até menos de 70% do seu volume, sem que se destrua a estrutura, muitas vezes conhecida com “gaiola”, de carbono.

Uma outra curiosidade em torno do Buckminsterfulereno envolve a sua preparação. Ao contrário de muitas outras descobertas, esta não foi premeditada uma vez que os investigadores que primeiro reconheceram a sua existência estavam a trabalhar com outro objectivo. Estes cientistas estavam a examinar agregados e cadeias de carbono numa tentativa de explicar que determinados tipos de ondas electromagnéticas provenientes das estrelas são absorvidas quando atravessam as nuvens de poeiras interestelares. A questão que procuravam resolver pertencia à área da astrofísica, mas o que encontraram foi um novo tipo de moléculas e uma avalanche de novas questões.

Uma das aplicações destes compostos prende-se com a possibilidade de preparar estas estruturas, colocando átomos e moléculas no seu interior, o que dá origem a outras nanoestruturas com propriedades químicas e físicas diferentes das estruturas iniciais.

Um dos possíveis usos para estas nanoestruturas seria o transporte de medicamentos através do corpo humano. Um exemplo de utilização deste mecanismo de transporte poderá ser no tratamento de tumores, na medida em que se pretende que os medicamentos actuem “apenas” nas células cancerígenas e não nas restantes células do organismo. Para atingir este objectivo, o medicamento irá ser transportado em segurança através das nanoestruturas pela corrente sanguínea, até às células-alvo. Nesse ponto, abrir-se-ia uma “porta”, de modo a permitir a libertação do medicamento, restringindo a sua acção destruidora apenas aquelas células cancerígenas.

Independentemente do que se vier a fazer com o Buckminsterfulereno, esta molécula manterá os químicos e os engenheiros ocupados e entusiasmados durante muitos dos próximos anos.

Por: António Costa

Buckminsterfulereno

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