O Concurso de Vinhos da Beira Interior nasceu há cinco anos no seguimento de uma conversa, entre mim e Pedro Tavares, presidente da direção do Nerga, em que concordámos ser necessário criar algum instrumento competitivo e dinamizador que contribuísse para a promoção dos nossos vinhos. De imediato a associação empresarial pôs mãos à obra e, com a colaboração da Comissão Vitivinícola, implementou o projeto, cuja dimensão regional foi alavancada em 2010 com a entrada do Nercab como parceiro de organização.
Passados cinco anos, o vinho da região tem mais carácter e qualidade, deixou de ser um produto comum, um vinho corrente, sem capacidade de penetrar nos mercados, para ser um néctar cuidado e apreciado que pode ser servido com os melhores pratos nas melhores salas ou restaurantes.
Os produtores e os técnicos forjaram um novo vinho, onde a frescura e a complexidade permitem uma degustação e um saborear cada vez mais apreciado. Atingiram maturidade e o direito a ombrear com os mais aureolados. Talvez ainda entrando pela porta pequena, mas já com o brilho e o sabor dos grandes vinhos.
Dar um passo rumo à internacionalização passou a ser o novo desafio do NERGA. E foi isso que se fez nos últimos dias. Durante três dias 40 prescritores estrangeiros, jornalistas e importadores, originários do Canadá, dos Estados Unidos, do Brasil, de Cabo Verde, de Angola, da Noruega, da Holanda, da República Checa, de Inglaterra, da Alemanha e de Espanha vieram à região, seguindo “A viagem do Elefante”, por vinhas imortalizadas por Saramago, degustar vinhos, queijos, azeites, enchidos, doces… e tantos outros produtos de que muito se fala, mas sobre os quais tão pouco se faz para serem economicamente rentáveis. Mostrou-se a região, a cultura, o património, a paisagem, a gastronomia… e bebeu-se. Muito. Tanto que nasceram negócios e lançaram-se as sementes para outras colheitas, por toda a região. Foram dias em que o glamour e a elegância adornaram a ruralidade de vinhedos e aldeias. Foi só um passo de um longo caminho a calcorrear, mas como tão bem nos ensinou o sevilhano Machado «…caminhante, não há caminho,/ faz-se caminho ao andar…».
Um entusiasmado Jon Haggins vai mostrar aos americanos o verde da região na “Globettrotertv”; Bo Zaunders vai retratar e escrever sobre o perfume dos nossos vinhos no “New York Times”, na “Travel Holiday” e na “Newsweek”; e Christian Burgos opinará, seguramente, com muita adjetivação sobre vinhos e queijos no “Almanaque de Vinhos” do Brasil e nas edições online: revistaadega.com.br, omelhorvinho.com.br e tvadega.com… Assim se fará uma boa colheita.
Luís Baptista-Martins