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Escola de andebol do IPG quer criar raízes da modalidade

Equipa de infantis masculinos competiu este ano pela primeira vez no campeonato nacional do escalão

Projetada para fazer do andebol uma modalidade com futuro na região, a Escola de Andebol do Instituto Politécnico da Guarda (IPG) conheceu este ano o seu ponto mais alto com a participação da equipa de infantis masculinos no campeonato nacional do escalão. Apesar dos resultados não terem sido os melhores nesta estreia, sétimo lugar entre os oito participantes da segunda fase da zona 1, a responsável ficou agradada com o desempenho dos jovens atletas que tiveram oportunidade de conhecer outras realidades.

A diretora da Escola de Andebol do IPG explica que a ideia de criar uma estrutura dedicada à formação da modalidade resultou de uma parceria do Politécnico com a Federação de Andebol de Portugal e a Associação de Andebol da Guarda. Criada há três anos, a escola beneficiou do fim de uma estrutura idêntica no Outeiro de S. Miguel e a «maior parte desses meninos foi reencaminhada para aqui», bem como um dos treinadores que também leciona no IPG, adianta Maria João Silva. «Nesse primeiro ano foi mais fácil porque a equipa já estava praticamente formada e depois só teve que se trabalhar isso», acrescenta a responsável, referindo que o “passaporte” para o Nacional resultou do triunfo no Regional, que contou com equipas dos distritos da Guarda e de Viseu. Quanto à experiência naquele campeonato, onde defrontou formações com história na modalidade como o ABC de Braga ou o Porto, considera que «se pode fazer um balanço positivo porque o Nacional dá aos miúdos outra rodagem que o regional não dá».

De resto, também é uma «mais-valia» para o próprio IPG pela «divulgação» que é feita, por exemplo nas deslocações no autocarro da instituição a vários pontos do país, mas também porque o andebol poderá servir como um modo de captar futuros alunos: «São miúdos que andam por cá, vão crescer e vão tomar uma opção quanto ao seu futuro e que podem ficar porque vão conhecendo a estrutura e a dinâmica do IPG», acredita. Sobre os resultados desportivos, duas vitórias e dois empates em 14 jornadas, Maria João Silva admite que os responsáveis pela escola já tinham consciência de que a tarefa ia ser «complicada porque estávamos a jogar com equipas que têm grande tradição no andebol», enquanto na Guarda não se lembra de ter havido uma equipa de andebol deste escalão. A diretora considera que os pequenos atletas «não se portaram mal» nesta experiência e realidade novas na medida em que enfrentaram equipas com «uma “pedalada” muito maior» nestas competições.

Aliás, a diferença até se nota ao nível de arbitragens: «Sente-se muito infelizmente e em muitos jogos eu tive de estar na mesa e assisti várias vezes a isso. É uma coisa assustadora porque há uma grande dualidade de critérios e perdemos alguns jogos um bocadinho à conta disso», critica. Apesar de ainda não estar assegurado, o projeto deverá ter continuidade nos próximos anos e há intenção de alargar as categorias de minis (9 e 10 anos) e de infantis (11 e 12 anos) a outros escalões etários para garantir que os jovens possam dar continuidade à prática da modalidade na Guarda.

«Gosto de futebol, mas no andebol marcam-se mais golos»

«Gosto muito da modalidade, acho que sou bom jogador, marco muitos golos». Apesar de jogar há um ano apenas, Alfredo Torres apresenta já um bom “cartão de visita”. Aos 10 anos, ainda na categoria de minis, revela que a apetência para os golos deriva da sua posição em campo de lateral direito, «porque sou esquerdino», explica. «Comecei por ir para o andebol pela minha estatura, por ser alto, e depois gostei muito», revela o jovem. Alfredo Torres faz um balanço positivo da sua primeira época no andebol: «A experiência foi boa, joguei com colegas do escalão acima de mim e saí-me bem». Quanto a uma possível carreira na modalidade, diz ainda não pensar «muito nisso», mas adianta que «logo se verá com o decorrer dos anos». Bernardo Luzio tem 12 anos e há três que pratica andebol. Do escalão acima de Alfredo, o jovem explica a influência da escola que frequenta na escolha da modalidade. «Eu ando numa escola [Outeiro de São Miguel] onde o andebol é o principal desporto e a base da nossa equipa veio do Outeiro». De resto, diz gostar «da equipa, do treinador e do jogo» em si, lamentando o facto de haver «poucas equipas de andebol na Guarda e muitas de futebol».

Apesar da equipa recentemente formada com mais alguns jovens de outras escolas ter ficado em penúltimo lugar, Bernardo considera que, «para uma primeira experiência, foi muito bom. Empatámos contra os campeões anteriores e fizemos uma boa prova». Quanto à experiência, o andebolista não tem reservas: «Gostei muito de ir jogar fora contra equipas que me deram uma experiência que, se calhar, nunca mais vou ter na vida, como jogar contra Porto, ABC de Braga, Águas Santas ou Penafiel». A mesma opinião tem Daniel Veiga, que também pratica a modalidade há três anos. «Foi bom, nunca tínhamos jogado contra estas equipas. Sentimo-nos bem em campo como coletivo», garante. Num país onde o “desporto rei” impera, o jovem revela, que apesar de também jogar futebol com os amigos, «o andebol é diferente, marcam-se mais golos».

Ricardo Cordeiro Alguns dos atletas que competiram este ano no Nacional de infantis

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