A qualidade da cereja da Cova da Beira está melhor comparativamente aos últimos anos. A garantia é dada pelo coordenador da Cerfundão, empresa que se dedica ao embalamento e comercialização do fruto que é um dos “embaixadores” da região, e que iniciou o programa de exportação para países da Europa Central e do Norte nas últimas semanas.
A renovação dos pomares e a introdução de novas variedades são dois fatores que contribuem para que a qualidade da cereja deste ano esteja «dentro dos parâmetros normais, mas com tendência a melhorar», adianta Filipe Costa. O responsável sustenta que as novas variedades que vão chegando à Cova da Beira «oferecem garantias de excelência» e que os produtores «também vão adotando novas práticas culturais que contribuem para uma melhor qualidade» da cereja. Por isso, há «tendência para um aumento sustentado da produção», sendo que 2011 está a ser um «ano normal», em que, só na Cova da Beira, serão produzidas entre seis a sete mil toneladas. Um fruto tão apreciado como é a cereja desta zona do país, onde se produzem mais de 50 por cento do volume nacional, suscita natural interesse fora do país e, deste modo, a Cerfundão, que nasceu da associação de diversos parceiros, entre os quais a Cercobe – Associação de Produtores de Cereja da Cova da Beira, começou o programa de exportação deste ano há cerca de duas semanas.
«A produção está muito individualizada e as exportações estão a decorrer a um ritmo normal, embora tenham vindo a crescer a pouco e pouco», realça. Países como a Holanda, Alemanha e Finlândia são os principais importadores, tendo sido exportadas nos primeiros dias cerca de seis toneladas. O engenheiro realça que a Cerfundão «tenta ser o mais criteriosa possível» na avaliação da cereja a exportar, até porque os mercados internacionais exigem produtos de qualidade e ainda se deve ter em conta o processo de transporte do fruto através de camiões. Quanto à atual conjuntura do país, o coordenador da Cerfundão reconhece que ela «se reflete sempre na retração dos clientes» na compra de produtos alimentares, mas considera que a melhor maneira de contrariar esta tendência é os produtores e comercializadores tentarem «aumentar a qualidade para não diminuir as vendas e os preços não descerem, de modo a não afetar o seu rendimento», sustenta Filipe Costa.
Quem garante que o negócio já conheceu melhores dias foram alguns dos produtores presentes na Feira da Cereja do Ferro (Covilhã), no último fim-de-semana. João José Pinto afirmou que as vendas «estão más porque o pessoal não tem dinheiro» devido à crise. De igual modo, Sandrina Falcão, da Cooperativa Agrícola dos Fruticultores da Cova da Beira, queixou-se que «há muita gente a ver, mas pouca a comprar», talvez por «reflexo da crise», até porque a qualidade da cereja deste ano é «superior» à de anos anteriores. Companheiras de bancas, Rosa Abrantes e Maria Figueira também partilham a opinião de que o negócio está «fraco» e que há «pouco escoamento» do produto porque «não há dinheiro e há mais fartura». Pelo contrário, Libânia Rosa, de Alfândega da Fé (Bragança), não se queixava das vendas: «Não está a correr mal de todo, mas podia estar melhor», admitiu, realçando que a cereja que esteve a vender pela primeira vez no Ferro tem «um calibre e variedades diferentes desta zona, além de ser mais doce», justificou.
Ricardo Cordeiro