O Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) é uma doença respiratória do sono provocada pela diminuição funcional do calibre da garganta (hipofaringe) durante a inspiração, o que provoca interrupções intermitentes do fluxo aéreo (apneias) ou reduções (hipopneias), apesar dos contínuos esforços para respirar.
Estes eventos levam à diminuição do oxigénio e ao aumento do dióxido de carbono no sangue, com consequências nefastas para a saúde.
Tal ocorre habitualmente em indivíduos obesos, com pescoço curto e com idade entre os 50 e os 70 anos. Outros fatores de risco, sejam raciais ou genéticos, podem estar incluídos.
Os doentes com SAOS habitualmente ressonam, têm um sono agitado com despertares súbitos e frequentes, com sensação de sufocação e pesadelos. Dores de cabeça matinais, cansaço, dificuldade de concentração e irritabilidade, são sintomas comuns.
A sonolência diurna excessiva está invariavelmente presente, motivo pelo qual adormecem facilmente durante as suas atividades quotidianas, como seja a ver televisão, a ler ou a conversar, e têm um risco aumentado de acidentes de viação e de trabalho. Perturbações sexuais, como diminuição da libido e impotência sexual podem estar presentes. A hipertensão arterial é também frequente e há um risco aumentado de doença cérebro vascular.
O diagnóstico faz-se através da realização de um exame polissonográfico, em que são monitorizados durante o período noturno vários parâmetros tais como a atividade cerebral, movimentos respiratórios, fluxo nasal, atividade cardíaca e saturação de oxigénio no sangue. Este exame realiza-se num laboratório de estudo do sono e deve ser monitorizado e interpretado por técnicos e médicos especializados.
Em casos selecionados pode efetuar-se um estudo mais simples, domiciliário a que se chama “screening”.
Após o diagnóstico de SAOS, o tratamento vai depender da sua gravidade. Para os casos mais ligeiros o tratamento pode ser unicamente o de reduzir peso, manter uma boa higiene do sono, evitar bebidas alcoólicas ou parar de fumar.
Noutros casos, a simples desobstrução nasal, quando exista, ou a correção da posição em que se dorme, pois as apneias são mais frequentes quando se está deitado de costas, são suficientes.
Nos casos mais graves é necessário utilizar um aparelho (CPAP) que aplique uma pressão de ar nas vias aéreas que evite o seu colapso durante o sono.
Raramente no adulto são utilizadas outras terapêuticas tais como aparelhos bucais ou cirurgia.
O Serviço de Pneumologia da ULS da Guarda possui desde 2007 um Laboratório de estudo do Sono para onde podem ser orientados todos os doentes com suspeita de S.A.O.S. Efetua anualmente uma média de 800 consultas e realiza 400 exames de estudo do sono (polisonografias e screenings).
Quem apresentar sintomas sugestivos de ter patologia do sono, deve recorrer ao seu médico de família, que o poderá encaminhar para uma consulta adequada.
Por: Luís Ferreira